“No place like home” é o título desta exposição temporária com cerca de 110 peças, que ficará patente até 03 de junho, resultado de uma parceria entre o Museu Coleção Berardo e o Museu de Israel, em Jerusalém, com curadoria de Adina Kamien-Kazhdan.
Fruto de uma pesquisa exaustiva do doméstico na arte moderna e contemporânea, a exposição celebra o 100.º aniversário do movimento Dada, assinalado em 2016, e o centenário da criação da “Fonte”, de Marcel Duchamp, em 2017, que transformou um urinol de parede numa obra de arte.
Durante uma visita guiada aos jornalistas, Adina Kamien-Kazhdan, mentora do projeto, sublinhou a importância das criações do artista francês Duchamp para mudar a forma como se pensa o objeto de arte.
“Ao transformarem os objetos domésticos em obras de arte, dão-lhes um significado diferente, ao mesmo tempo que fazem críticas políticas ou sociais”, comentou a curadora do Museu de Israel.
A mostra apresenta cerca de 70 peças provenientes do Museu de Israel, incluindo várias réplicas de Duchamp, 30 da coleção do Museu Berardo e mais dez da Coleção Ellipse, entre outras, cedidas por galerias e artistas de todo o mundo.
Duas obras de artistas portugueses também foram incluídas na mostra, uma de José Barrias e outra de João Pedro Vale, que esteve presente na visita para explicar a peça, intitulada “Can I wash you?” (1999), criada com sabão azul e branco.
“Foi feita no final do meu curso, com o objetivo de usar materiais menos académicos”, comentou, acrescentando que ficou entusiasmado com a participação nesta exposição com o objetivo de assinalar uma homenagem a Marcel Duchamp (1887-1968).
A exposição retrata a transformação artística de objetos domésticos desde o início do século XX até à atualidade, com obras dos surrealistas, como Dalí, artistas pop como Andy Warhol, ou contemporâneos como Doris Salcedo, Damien Hirst ou Yael Efrati.
O percurso leva o visitante pelas várias divisões de uma casa, onde as peças são usadas para “brincar com a lógica, e desafiar as normas”, segundo a curadora.
“Spooning” (2016), do artista indiano Suboth Gupta, que consiste em duas colheres de sopa gigantes, com as quais aborda as ambivalências sociais do seu país de origem, o telefone lagosta de Salvador Dali, criado em 1936, um raspador de legumes transformado em biombo, da libanesa Mona Hatoum, remetendo para a ironia e as ameaças, ou uma tábua de engomar coberta de falos, criada por Yayoi Kusama, em 1963, contra a dominação masculina na sociedade, são algumas peças que os visitantes podem encontrar na exposição.
“Com estas obras, os artistas quiseram levantar várias questões importantes, como por exemplo a discriminação, o trabalho doméstico, a vida em família, o género”, salientou a curadora sobre as peças, que levam os visitantes a reconsiderar os objetos domésticos.
“No place like home” é acompanhada por um catálogo inspirado na empresa sueca IKEA, uma das patrocinadoras, a par da embaixada de Israel em Portugal, e conta com ensaios de arquitetos e historiadores de arte.
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