A elaboração da nova peça concretiza a segunda fase do prémio, lançado no ano passado, na Feira de Arte Contemporânea ARCOmadrid, por iniciativa da desenhadora e mecenas Catalina D’Anglade, que terá continuidade na edição deste ano do certame.

Fernanda Fragateiro tinha vencido o galardão com a peça “Unread” (2015), e a nova obra hoje apresentada, “letter, for Anni” (2017), segundo a crítica de arte e curadora Bea Espejo, “tem muito de mensagem cifrada, e de carta de amor que se encontra nos tecidos de Albers. Parecem palavras soltas que se expandem mais além do lugar que ocupam na parede”.

A criação, apresentada na Galería Elba Benítez, que representa a artista portuguesa, consiste num conjunto de cinco peças de aço polido, inspiradas nas tramas de um dos tecidos da artista alemã Anni Albers.

O conjunto cria um jogo de luz e sombras, “gerando espaços ocultos nos quais podem interagir objetos quotidianos”, segundo a galeria.

“A artista localiza e deslocaliza o seu trabalho, assim como o de outras criadoras, enquanto explora os seus temas habituais: a transformação de ideias estéticas, o diálogo entre disciplinas ou as questões de género”, sublinha, num comunicado.

O objetivo do prémio é promover e difundir a criação contemporânea, e também colaborar com artistas a fim de conceber a arte fora do seu cenário habitual, incorporando-a em áreas como o desenho e a vida quotidiana, segundo a mecenas do prémio.

Durante a próxima feira ARCOmadrid, que se celebrará de 21 a 25 de fevereiro, será anunciado e entregue o II Prémio Catalina D’Anglade.

Nascida em 1962, no Montijo, Fernanda Fragateiro vive e trabalha em Lisboa.

Após a realização de exposições individuais na Alemanha, Reino Unido e Espanha, bem como a sua participação na Trienal de Arquitetura de Lisboa (2010), e na Dublin Contemporary (2011), o seu trabalho tem vindo a obter cada vez maior destaque na arte contemporânea europeia.

A artista é conhecida pelas suas intervenções escultóricas e arquitetónicas em espaços públicos como mosteiros, orfanatos, casas em ruínas.

O seu trabalho tem sido exibido em museus e centros culturais de todo o mundo, como o Palm Springs Art Museum, nos Estados Unidos, o Palais des Beaux-Arts de Paris, e está representada em coleções como a Caixa Geral de Depósitos, Fundação de Serralves, Fundação Calouste Gulbenkian, em Portugal, ou Helga de Alvear, em Espanha.

No ano passado, o Museu de Arte, Tecnologia e Arquitetura (MAAT), em Lisboa, apresentou “Fernanda Fragateiro: dos arquivos, à matéria, à construção”, sobre a ligação umbilical” da artista à arquitetura, área pela qual se interessou desde criança.

Em muitas das obras apresentadas na altura, havia uma forte carga política, nomeadamente em peças questionadoras, como “Arquitecture, a place for women?”, uma denúncia artística da ausência das mulheres da produção de espaço, segundo declarou a artista, numa visita guiada, na altura.