Na reunião quinzenal do executivo, a 26 de junho, o vereador do PS Adolfo Macedo defendeu que a feira e o festival poderiam coexistir, por serem eventos “na sua génese completamente diferentes”.

“Não se percebe que um festival em novembro venha substituir uma feira em julho”, criticou.

Para o socialista, uma feira que “gira à volta do livro, com um preço atrativo” não pode fazer concorrência a um festival literário.

“Acho muito bem um festival, mas não percebo que essa aposta obrigue a que se prescinda da feira”, criticou, questionando ainda a diferença de custos dos dois certames.

As críticas foram corroboradas pelo vereador da CDU, Vítor Rodrigues, que considerou que a Câmara “não devia deixar cair” a feira do livro e manifestou preocupação pela “externalização” do festival que a vai substituir.

“Não nos parece o caminho mais correto”, disse o comunista, sublinhando que a aposta deveria ser a criação de melhores condições para a feira do livro, um certamente que já teve 31 edições e que “já tinha os seus mecenas e patrocinadores”.

Na resposta, o presidente da Câmara, Ricardo Rio, disse que o objetivo é conseguir um evento “com menos dimensão comercial e mais dimensão cultural”.

O autarca sublinhou que o festival será “mais arrojado” do que a feira.

“Vai ser uma opção que vamos avaliar, esperamos que seja um sucesso”, acrescentou.

Adiantou que o festival terá um custo de 100 mil euros, um montante “superior” ao da feira do livro.

A primeira edição do festival literário de Braga “Utopia” vai decorrer de 02 a 12 de novembro, apresentando nomes como Frederico Lourenço, Dulce Maria Cardoso, Afonso Cruz e Susana Moreira Marques.

Vai ser organizado pela The Book Company e contará ainda com as presenças de Ludmila Ulitskaya, escritora russa exilada em Berlim que é há vários anos apontada como candidata ao Prémio Nobel da Literatura, e Karina Sainz Borgo, jornalista dedicada à área da cultura residente em Espanha que dedica muito do seu trabalho às questões sociais e políticas da Venezuela.

“Queremos fazer deste festival o maior evento literário do país”, referiu o responsável da organização, Paulo Ferreira, sublinhando que o objetivo passa também pela internacionalização.

Segundo adiantou, em 2025 o festival deve chegar a Espanha e em 2027 espera entrar em território “do outro lado do Atlântico”.

Tendo como tema os “territórios literários”, o festival deverá reunir mais de 100 convidados, dezenas de parceiros e forças vivas da cidade, como bibliotecas, livrarias e agentes culturais e económicos.

“Autores de primeira linha, em diversas áreas da cultura e do saber, marcam a agenda do festival em diversos formatos como conversas, espetáculos, ‘workshops’, sessões em escolas, oficinas, passeios literários e outros”, refere um comunicado do município.