A equipa liderada pelo investigador Rui Oliveira escreve num artigo publicado na Scientific Reports que a formação de emoções, "considerada uma capacidade complexa, poderá estar associada a mecanismos mais simples do que se pensava".
Para avaliar as respostas dos peixes a cenários em que foram colocados, a equipa mediu e avaliou "alterações comportamentais, fisiológicas, cerebrais e genéticas".
Os cientistas já tinham concluído que "primatas e alguns mamíferos expressam estados emocionais", mas a existência desses estados em animais mais 'simples' é ainda assunto de debate.
Nas experiências conduzidas pela equipa de cientistas da Universidade do Algarve, ISPA - Instituto Universitário, Instituto Gulbenkian e Fundação Champalimaud, os peixes foram sujeitos a situações "favoráveis ou adversas" para testar de que maneira responderiam.
Avaliando a interação e o comportamento das douradas usadas nas experiências, verificaram que "os peixes respondiam de forma diferente ao mesmo estímulo dependendo da maneira como o interpretavam".
Mediram ainda nos animais os níveis de cortisol, a "hormona do 'stress'" e as zonas do cérebro ativadas com cada estado emocional positivo ou negativo.
Rui Oliveira considera que a capacidade cognitiva de formar reações emocionais em face de circunstâncias a que estão sujeitos poderá ser "mais simples do que se tem considerado, podendo ter evoluído há cerca de 375 milhões de anos".
O investigador explica que “a ocorrência de avaliação cognitiva de um estímulo emocional em peixes implica que esta capacidade cognitiva poderá ter exigências ‘computacionais’ mais simples do que se tem considerado, podendo ter evoluído há cerca de 375 milhões de anos”.
O grande desafio de conduzir investigações deste tipo é o facto de os peixes não as verbalizarem, ao contrário dos seres humanos ou outros mamíferos.
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