“Abrir um espaço para pensar e para explorar uma coisa que é metafórica, que não tem limites definidos, que é esta ideia de ganharmos voo juntando dois corpos que não sabemos de quem são, mas são, eventualmente, de um mestre e de um discípulo, mas podem não ser” está na base da peça com encenação de Miguel Fragata e coreografia de Vítor Hugo Pontes, acrescentou Inês Barahona.

“Má educação” pretende construir uma imagem para “lutar contra essa tentação de ir dizer algo como ‘Agora fechei a caixa, disse tudo o que havia para dizer, vou-me embora, que está tudo feito'”.

Pelo contrário: a ideia é “muito mais abri a caixa e agora vamos olhar o que é que cada um vê, o que é que cada um encontra como possibilidade”, frisou, sobre o mais recente trabalho dos Formiga Atómica, desta vez em colaboração com Vítor Hugo Pontes na coreografia e com música de Helder Gonçalves, com quem já tinham colaborado em “Montanha-russa”.

“Fechar ou dar respostas” nunca foi o intuito da peça, que era para se ter estreado em 2020 e que a pandemia inviabilizou, assim como um acidente de trabalho durante os ensaios impossibilitou que se estreasse em março último, disse Miguel Fragata à imprensa no final de um ensaio.

“Má educação” é uma peça em três assaltos, onde a ação se desenrola quase toda num ringue de box e onde um piano se impõe sempre em palco, numa metáfora que personifica o sistema de ensino.

A partir da imagem de pássaros com uma só asa, que existem na tradição das histórias japonesas, os autores criaram um conto para pôr em palco questões sobre educação e escola, para a qual foram beber inspiração em modelos diferentes.

Ao longo dos três assaltos, a dinâmica de forças entre professor e aluno vai-se alterando, desde a dominação do primeiro ao equilíbrio entre os dois, até ao momento que se aproxima de uma ideia mais “idílica e utópica” de relação em que aluno e professor se misturam e confundem.

O combate acaba por ligar estes três momentos, porque “veste o espetáculo todo” e está na “essência” dele, referiu Miguel Fragata.

Tanto de ponto de vista visual, patente nas duas personagens em palco vestidas de árbitro e noutra de ´boxeur`, como o ringue de boxe, que paira todo o tempo sobre a peça, ou o terceiro ringue, o da linguagem, que é assumida em toda a peça e ao longo dela vai ganhando terreno.

O ponto de partida da peça foi feito com uma pesquisa realizada através de encontros virtuais com alunos, professores e funcionários de escola, contribuindo também a ideia de “esmagamento de uma escola com 200 anos que continua a vigorar em Portugal”, apesar de este ser um país com uma das “legislações mais livres e mais disponíveis”, acrescentou o encenador.

Um país onde a “velha escola” está sempre em palco e, por vezes, se agita mesmo a um ritmo frenético, como é visível na forma como as personagens vão deslocando o instrumento de teclas ao longo da peça.

“Má educação” é uma peça para um público-alvo que vai dos alunos do 2.º ciclo aos do ensino secundário e está em cena na sala Luís Miguel Cintra, até 17 de dezembro.

A peça tem sessões para público em geral nos dias 16, às 20:00, e 17, às 15:00 e às 20:00, e sessões para escolas, de dia 12 a 15, às 14:30.

A interpretar “Má educação” estão Ana de Oliveira e Silva, Carla Galvão e Teresa Gentil, com participação especial de Vitória Fragata e interpretação em Língua Gestual Portuguesa de Valentina Carvalho e Cláudia Braga.

A peça tem música de Helder Gonçalves, coreografia de Vítor Hugo Pontes, cenografia de Fernando Ribeiro e figurinos de José António Tenente.

Além de Lisboa, será representada no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, e no Teatro Municipal do Porto, coprodutores da peça com o S. Luiz.

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