De acordo com o museu, o embaixador cessante dos Estados Unidos em Portugal doou a pintura “A Infanta D. Maria em Oração à Imagem e às Relíquias de S. Vicente”, num ano em que se comemora o quinto centenário do nascimento da infanta Dona Maria (1521-1577), filha de D. Manuel I.

Trata-se de uma pintura portuguesa do ciclo maneirista, executada provavelmente cerca de 1613, quando terminou a execução testamentária da infanta, “figura grada da cultura portuguesa quinhentista”, cujos bens, repartidos entre Portugal e França, constituíram uma enorme fortuna, contextualiza o MNAA.

A pintura tem vindo a ser atribuída aos pintores Simão Rodrigues (1583-1629) e Domingos Vieira Serrão (1570-1632), mas o museu acredita que se pode relacionar mais diretamente com o autor dos grandes painéis com milagres de S. Vicente, pintados para o cadeiral da Sé de Lisboa, obras possivelmente do pintor régio Amaro do Vale (f.1619).

“É, de qualquer forma, uma pintura de grande interesse iconográfico sobre a infanta e o culto do padroeiro da cidade de Lisboa”, salienta o Museu de Arte Antiga sobre a obra em madeira de carvalho.

A pintura ficará em exposição no Átrio 9 de Abril do MNAA, a partir de hoje, e até 20 de junho deste ano.

Criado em 1884, o MNAA alberga a mais relevante coleção pública do país em pintura, escultura, artes decorativas — portuguesas, europeias e da Expansão –, desde a Idade Média até ao século XIX, incluindo o maior número de obras classificadas como “tesouros nacionais”, assim como a maior coleção de mobiliário português.

No acervo encontram-se, nos diversos domínios, algumas obras de referência do património artístico mundial, nomeadamente, os Painéis de São Vicente, de Nuno Gonçalves, obra-prima da pintura europeia do século XV, a Custódia de Belém, de Gil Vicente, mandada lavrar por D. Manuel I e datada de 1506, e os Biombos Namban, do final do século XVI, registando a presença dos portugueses no Japão. O tríptico “As Tentações de Santo Antão”, de Hieronymus Bosch, é uma das mais conhecidas obras do museu.