Esta obra, que estará nas livrarias a partir de sexta-feira, inclui todos os poemas da obra adulta e jovem, apresentando o conjunto inédito “Versos Dispersos da Infância e da Juventude”, os primeiros que Sá-Carneiro escreveu.
O livro inclui ainda uma seleção de fac-símiles e um núcleo de cartas nunca antes reproduzidas, de autoria diversa, enviadas a Fernando Pessoa após a morte de Sá-Carneiro, revelando “novos dados sobre os poemas encontrados no quarto de Paris onde o escritor se suicidou”.
A “Poesia completa de Mário de Sá-Carneiro” é uma edição de Ricardo Vasconcelos, professor de Literatura Portuguesa e Brasileira, especialista em modernismo e na obra de Sá-Carneiro, sendo responsável pela coordenação das edições críticas dos trabalhos deste poeta, na Tinta-da-China.
“Os mais de 100 anos passados desde a morte de Mário de Sá-Carneiro oferecem-nos a ocasião ideal para revisitar a edição da sua obra, central na geração de Orpheu e absolutamente influente nas sucessivas gerações de escritores portugueses desde então”, refere Ricardo Vasconcelos, na apresentação do livro.
Segundo o editor, “Sá-Carneiro é uma presença indelével no imaginário coletivo nacional, seja pela intensidade da sua escrita, seja pela força totalizadora da imagem de uma existência percebida como tendo fixado nos textos literários a sua própria dissolução”.
Mário de Sá-Carneiro nasceu em Lisboa, em 1890, e morreu em 1916 na cidade de Paris, para onde se mudara quatro anos antes. Apesar da curta vida, afirmou-se como poeta, contista, ficcionista, um dos expoentes do modernismo em Portugal e um dos membros da Geração d’Orpheu.
“Num curto período, escreve uma obra fulgurante nos campos da poesia, da ficção e do drama, e um dos mais ricos epistolários de língua portuguesa, que evidencia todas as virtudes principais da sua literatura”, descreve a editora sobre o autor.
Sobre a sua obra, a Tinta-da-China destaca que se situa “nas interseções do pós-simbolismo e das estéticas vanguardistas” e que “apresenta uma grande riqueza temática, lexical e imagética”.
A editora já publicou um outro livro do escritor, com edição de Ricardo Vasconcelos e Jerónimo Pizarro, intitulado “Em ouro e alma”, que compilou a correspondência trocada com Fernando Pessoa.
A partir de julho de 1915, Mário de Sá-Carneiro regressou a Paris, de onde escreveu cartas de uma crescente angústia a Fernando Pessoa, revelando um homem perdido no “labirinto de si próprio”, mas também a evolução e maturidade do seu processo de escrita.
Essa troca de cartas culmina com uma “carta de despedida” a Fernando Pessoa, na qual revela as suas razões para se suicidar, duas semanas antes de tomar arseniato de estricnina, num hotel de Paris.
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