A reabertura do maat, que estava prevista para o passado dia 27 de março, “será marcada por uma intervenção arquitetónica à escala do edifício”, intitulada “Beeline”, “concebida para dar forma à ideia de que o museu é um espaço de cruzamento e diálogo de ideias, pessoas e conhecimento”, adianta a mensagem do museu, hoje divulgada.
O projeto, encomendado ao estúdio nova-iorquino de arquitetura SO — IL, foi concebido para acolher o “maat Mode 2020″, “um programa público experimental participativo, proposto como um exercício aberto de reflexão sobre o papel que as instituições culturais desempenham na sociedade”, e de projeção “do museu do futuro”, que deverá estender-se ao longo de vários meses, através de palestras, encontros e outras iniciativas.
A ideia, segundo a diretora executiva do museu, Beatrice Leanza, é que o “maat Mode” o transforme numa “arena cívica polifuncional onde a vida pública é debatida, examinada, desafiada e possivelmente inspirada a construir um futuro mais inclusivo e paritário”.
“Acredito que as instituições culturais devem ser plataformas catalisadoras para tornar o discurso acionável e dar poder às audiências, de modo a que sejam donas das suas próprias escolhas, através do debate, da partilha de posições e do conhecimento”, diz Beatrice Leanza, no vídeo de apresentação do projeto.
Perante a impossibilidade de reabertura do museu ao público, o maat opta por canais nas redes sociais, que abre com “uma semana dedicada exclusivamente à instalação Beeline e à colaboração do maat com o estúdio SO — IL”, congregando entrevistas e outras “antecipações” do que o “maat Mode” virá a ser, no local.
A Beeline conjuga-se com a arquitetura original do maat, um projeto da britânica Amanda Levete, com o objetivo de “servir de estímulo para uma nova consciencialização da nossa perceção do espaço, assim como do tempo”, escreve o maat.
“Um percurso adicional disseca o edifício (…). Este atalho liga a entrada do lado do rio diretamente a um novo ponto de acesso virado para a cidade. Este gesto não só transforma o modo como os visitantes entram e sentem o museu, mas liga também a entrada formal a uma nova entrada ‘clandestina’, através do cais de cargas. Deste modo, esta transformação abre não só o edifício a novas perspetivas, como desafia as hierarquias dos espaços implícitas num museu tradicional, oferecendo flexibilidade a uma organização em constante evolução”, acrescenta.
O estúdio SO — IL, dos arquitetos Florian Idenburg e Jing Liu, a par da produção de edifícios permanentes, “pensa também a arquitetura em relação ao tempo e à duração”, conceitos que vão explorar numa entrevista que o maat leva às suas redes sociais (Instagram, Facebook, You Tube).
O ‘site’ do maat antecipa já algumas das exposições para a reabertura, em data ainda a definir, integradas no programa “maat Mode”. É o caso de “Currents — Arquiteturas temporárias”, que ficará na rampa do museu, dedicada a projetos temporários do estúdio nova-iorquino (instalações, pavilhões, performances), organizados em seis pares temáticos ou “correntes”, combinando materiais impressos, modelos, livros, vozes e escritos dos arquitetos, textos críticos da curadora da mostra, Beatrice Galilee, e contribuições em vídeo dos autores das encomendas.
O projeto “Sound Capsules”, organizado com a Escola de Tecnologias, Inovação e Criação (ETIC) e a editora Discrepant, constitui uma série sequencial de propostas curatoriais de som, que “funcionam como plataformas alargadas através das quais os ‘Memovolts — Histórias da Coleção de Património Energético’ geram ressonâncias”, relacionadas com os momentos temáticos elaborados pela equipa do maat.
Uma terceira exposição, “The Peepshow”, terá por base artistas da Coleção de Arte Portuguesa da Fundação EDP, numa perspetiva da década de 1960 até à atualidade, atravessando diferentes gerações e “várias formas de expressão e criação artística, da pintura e fotografia ao vídeo e à instalação”.
“A coleção compreende hoje aproximadamente 2.400 obras da autoria de mais de 330 artistas”, adianta a fundação.
Nas páginas do maat no You Tube é possível acompanhar a ‘performance’ “If you want to continue”, do coletivo russo Vasya Run, apresentada no maat no âmbito da Bienal of Contemporary Arts (BoCA), em 2019, e a ‘performance-instalação’ “Ordem e Progresso”, que o artista mexicano Héctor Zamora manteve no museu, em março de 2017.
Uma entrevista com a diretora executiva está também disponível.
O edifício do maat encerrou no passado mês de dezembro, quando rajadas de vento derrubaram parte do teto, e tinha a reabertura prevista para o passado dia 27 de março, enquanto a Central Tejo mantinha a atividade, com as exposições “Melancolia Programada”, de Gabriel Abrantes, e “Unharias Ratóricas”, do coletivo Von Calhau!.
Há um mês, a Fundação EDP decidiu encerrar ao público a Central Tejo e adiar a reabertura do maat, “para data a anunciar”, no contexto das medidas de resposta à pandemia da covid-19.
Comentários