“Estamos a tentar levar a exposição a outros museus europeus e nos Estados Unidos”, adiantou, em declarações à agência Lusa o cofundador do projeto Paulo Arraiano.
A ideia surgiu há seis anos, quando Paulo Arraiano, já há muito apaixonado pelos Açores, conheceu o artista Paulo Ávila Sousa, residente na ilha Terceira, durante um ‘workshop’ no arquipélago.
“Já vou aos Açores há muitos anos e tenho uma relação muito especial com as ilhas. Faz parte da minha investigação e trabalho pessoal a relação entre o corpo, a paisagem e a tecnologia, e funcionou sempre um bocadinho como o meu laboratório”, salientou.
Depois de algumas experiências com amigos que também eram artistas, Paulo Arraiano e Paulo Ávila Sousa candidataram-se a apoios públicos e criaram o programa “Re-Act”, que “funciona como laboratório para artistas que trabalham na área da arte contemporânea”, focalizado no “triângulo entre a paisagem, a tecnologia e o corpo”.
Paulo Arraiano admite que os Açores não são, à primeira vista, um local associado à arte contemporânea. As ilhas não têm a dinâmica expositiva ou de consumo de arte contemporânea das grandes metrópoles, como Nova Iorque, Londres ou Berlim, mas oferecem algo que os artistas não encontram nesses locais: o contacto com a natureza e com a comunidade local.
“Muitos dos artistas estão ligados à tecnologia e muitos deles trabalham com meios avançados de produção e são colocados num paradigma diferente, em que muitas das reuniões são feitas em piscinas naturais, em espaços ao ar livre…”, apontou o artista plástico.
Segundo Paulo Arraiano, no final da residência criativa há artistas que dizem que a experiência lhes mudou a vida, e até quem pondere adquirir no futuro uma casa-estúdio nas ilhas.
“O maior presente que este projeto nos tem dado a nível humano tem sido precisamente esse ‘feedbak'”, frisou.
Este ano, o Re-Act juntou na ilha Terceira sete artistas de Itália, França, Estados Unidos, Turquia, Polónia e Holanda, que, durante três semanas, trabalharam numa residência criativa com dois grupos curatoriais: Ultrastudio e Scandale Project.
A exposição “Coalescence”, uma “junção por objetivo comum da soma de tantas partes e de tantas ideias que se cruzam”, pode ser vista no Museu de Angra do Heroísmo até 10 de fevereiro, mas os fundadores do projeto pretendem “levá-lo a outros sítios”.
“O objetivo é criar um diálogo, obviamente com os Açores, mas também dos Açores para o mundo”, afirmou Paulo Arraiano.
As condições meteorológicas não permitiram que, este ano, o grupo viajasse de barco até à Caldeira de Santo Cristo, na ilha de São Jorge, como na edição anterior, mas os artistas frequentaram uma formação em cerâmica com um escultor da ilha Terceira.
O objetivo, segundo o fundador da Re-Act, é promover o diálogo entre os artistas e a comunidade local, permitindo que quem vive nas ilhas tenha contacto com “outro tipo de conteúdos e outro tipo de discursos”.
“Temos trabalhado com o museu em função de uma relação mais próxima com a comunidade, criar ‘workshops’, criar uma relação para as pessoas localmente terem acesso e descodificarem o que nós estamos a trabalhar”, adiantou.
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