O grupo, “que chegou a integrar 11 mulheres e se tornou famoso, em grande parte, pelas encenações de espetáculos de guerrilha ‘punk rock’ provocatórios não autorizados em locais públicos invulgares”, atua em 08 de junho na Casa da Música e em 09 de junho no Capitólio, de acordo com a Sounds Good, num comunicado hoje divulgado.
Fundada em 2011, a banda ganhou notoriedade um ano depois, quando cinco dos seus elementos foram detidos por terem cantado uma canção contra o então primeiro-ministro e atual presidente da Rússia, Vladimir Putin, na catedral de Moscovo. O grupo pretendia denunciar a cumplicidade entre a Igreja Ortodoxa e o poder político.
Na sequência dessa detenção, dois dos elementos das Pussy Riot - Maria Alekhina e Nadejda Tolokonnikova - foram condenados em agosto de 2012 a dois anos de trabalhos forçados.
As Pussy Riot tornaram-se desde então no símbolo da contestação ao regime de Putin.
Além da “oposição explícita e assumida ao presidente russo Vladimir Putin, que o grupo considera ser um ditador com ligações perigosas à igreja Ortodoxa Russa”, entre os temas mais abordados pela banda “ganham lugar de destaque o feminismo e os direitos LGBT”.
Entre 2014 e 2016, a banda, com formações diferentes, gravou e divulgou vídeos de temas como “Putin I will teach you to love the motherland”, “I can’t breathe”, “Chaika”, “Organs” e “Make America great again”.
Em 2018, aquando de uma atuação da banda no festival de Paredes de Coura, a música e ativista Nadya Tolokno (de nome completo Nadejda Tolokonnikova) acusou o governo russo de “legitimar” a violência doméstica, desde que, em 2017, aprovou “uma lei que despenaliza quem bate na mulher”.
Nadya Tolonko é das poucas ativistas da banda que dá a cara e prescinde da máscara balaclava que cobre os restantes apoiantes do movimento. Não precisa, é conhecida por um regime que já a mandou prender mais do que uma vez.
As Pussy Riot, que têm regularmente incomodado o regime de Vladimir Putin – recorde-se que, na final do Mundial de Futebol na Rússia, em 2018, protagonizaram uma viral invasão de campo, envergando fardas policiais – criaram um meio de informação próprio, para serem “ouvidas”.
Apesar de não contarem com “muito apoio de governos de outros países”, é certo que os movimentos sociais e políticos fora da Rússia têm defendido as Pussy Riot e, com elas, a liberdade de expressão.
É isso que “ser político” significa. “Envolvermo-nos”, numa palavra. E as Pussy Riot fazem-no, em palco e fora dele.
Fundadora de uma banda assumidamente feminista, Nadya disse que ser feminista hoje “significa o mesmo do que há cem anos”.
“Batermo-nos pelos nossos direitos e não permitir que o sexismo diminua o nosso sentido de autoridade interna, só porque se pensa que as mulheres não são iguais aos homens”, explicitou.
“O feminismo moderno também significa, para mim, que não temos de viver no sistema dualista de género e que podemos escolher o género que preferirmos”, precisou.
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