Portugal ocupa a 69ª posição na lista dos negócios ilegais em todo o mundo, segundo o site Havocscope, que agrega informação sobre este sector paralelo a partir de dados recolhidos de "agências governamentais, estudos académicos, notícias e fontes próprias". Estamos atrás de Singapura, Honduras e Bélgica, e à frente da Áustria, Dinamarca e Finlândia.
No entanto, o valor referente aos crimes do mercado ilegal em Portugal está apenas indexado aos 245 milhões de dólares da pirataria de software, reportados pela Business Software Alliance (BSA ou actualmente denominada como The Software Alliance) em 2011. Ora, segundo o relatório mais recente da BSA, essa pirataria de software em Portugal caíu em 2013 para os 180 milhões de dólares e, no ano passado, para os 145 milhões de dólares - o que permitia "ganhar" apenas quatro lugares, para ficar na 73ª posição entre a Finlândia e o Equador.
Os dados não são apontados apenas numa única direcção sectorial. Ao contrário do nosso país, por exemplo, a preponderância nas Honduras está no contrabando de gás e de petróleo ou na exploração ilegal de produtos florestais.
Apesar destas limitações de um agregador de dados, o Havocscope tem algum mérito na divulgação do mercado de bens e serviços ilegais, assumindo e revelando as fontes de onde conseguem essa informação, permitindo aos "utilizadores verem de onde veio a informação, julgarem a credibilidade da fonte e fazerem uma nova pesquisa se necessário", diz o site, criado em Setembro de 2013.
Este permite ainda aos utilizadores submeterem informação que nem sempre é - ou pode ser - divulgada pelas fontes oficiais, como os preços de rua (para Portugal) da cocaína, ecstasy, heroína ou marijuana, assim como o custo de uma arma AK-47, que vai dos medianos 534 dólares em muitos países mas sobe para os 1500 dólares no Afeganistão.
Corrupção, lavagem de dinheiro ou crime organizado não são contabilizados
Além de penalizarem os países pela fuga aos impostos, estes negócios ilegais têm um impacto directo na vida de muitas pessoas. A lista de países mais afectados pelo mercado negro é liderada pelos EUA, com uns impressionantes 625 mil milhões de dólares, que incluem a pirataria de bens (225 mil milhões), tráfico de drogas (215 mil milhões) ou o jogo ilegal (150 mil milhões).
No grupo dos 10 países mais problemáticos seguem-se a China (261 mil milhões de dólares), o México (126 mil milhões), a Espanha (124 mil milhões), a Itália (111 mil milhões), o Japão (108 mil milhões), o Canadá (77 mil milhões), a Índia (68 mil milhões), o Reino Unido (61 mil milhões) e a Rússia, com pouco mais de 49 mil milhões de dólares de negócios ilegais contabilizados neste site.
O Havocscope lista ainda o impacto, riscos económicos e valores do mercado negro mundial (que nem sequer incluem valores directos sobre a corrupção, lavagem de dinheiro ou do crime organizado, por se considerar a sua potencial sobreposição com outros negócios).
Por exemplo, a combinação de jogos de futebol está indexada aos 15 mil milhões de dólares, enquanto os serviços de uma prostituta de luxo em Cannes (França) podem chegar aos 40 mil dólares por noite, subindo para os 100 mil no Brasil.
Este mercado negro global é liderado pela falsificação de medicamentos (um negócio que vale 200 mil milhões de dólares), seguindo-se a prostituição (186 mil milhões), falsificação de bens electrónicos (169 mil milhões), a venda de marijuana (141 mil milhões), o jogo ilegal (140 mil milhões) e o negócio relacionado com a cocaína, que vale 85 mil milhões de dólares.
O site permite ainda saber quanto ganha um assassino na Colômbia por cada morte (3000 dólares), um vencedor de luta de galos em Los Angeles (15 mil dólares), o rendimento anual de um traficante de droga no Rio de Janeiro (pode chegar aos 15 milhões de dólares), o valor de um hacker num jogo online (16 mil dólares mensais na China), o valor de um "like" no Facebook (15 dólares por milhar - o mesmo valor para se ter 10 mil falsos seguidores no Twitter) ou quanto pode ganhar um carteirista em Barcelona - mais de seis mil dólares por semana!
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