O título “Meia-Noite” “parte da observação da noite como espaço de fluidez e quebra de normas, lugar aberto a outras possibilidades de visão, de conhecimento, de interação, aberto a outros corpos’, revela a organização, a cargo do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), Câmara Municipal de Coimbra e Universidade de Coimbra.
Para as curadoras convidadas — a francesa Elfi Turpin e a portuguesa Filipa Oliveira — a noite é também “um espaço que sempre foi muito contestado, e ultimamente altamente politizado”.
A bienal apresenta “pela primeira vez um programa que acontece em dois momentos”, estendendo-se a primeira parte de “Meia-Noite” até 15 de janeiro de 2022, com uma “exposição-conversa” na Sala da Cidade.
A exposição apresenta uma instalação do artista Carlos Bunga e um programa de filmes “que ambiciona explorar, com a participação do público, as zonas de investigação propostas”: “La cabeza que mató a todos”, de Beatriz Santiago Muñoz, “Les mains negatives”, de Marguerite Duras, “À Bissau, Le Carnaval”, de Sarah Maldoror, e “Shadow-machine”, de Élise Florenty & Marcel Türkowsky.
A primeira parte de “Meia-Noite” “lança assim, para a cidade de Coimbra e para o país, um desafio à participação e discussão no âmbito da quarta edição do Anozero”.
“Todos os dias, diferentes grupos da cidade, e de fora desta, serão convidados pelas curadoras e pelo serviço educativo do CAPC a visionar os filmes e a iniciar conversas sobre diversidade, igualdade, justiça social, produção de conhecimento, relações poéticas entre espécies e a noite como espaço de resistência”, assinalaram os promotores.
Às quintas-feiras, entre 02 de dezembro e 13 de janeiro, às 18:00, “estarão sempre presentes convidados para discutir com o público o filme do dia”, acrescentam.
A segunda parte de “Meia-Noite” acontece entre 09 de abril e 26 de junho de 2022 “com o habitual circuito expositivo por espaços emblemáticos de Coimbra”.
“É da própria cidade que emergem os propósitos da proposta curatorial de Elfi Turpin e Filipa Oliveira”, frisa o comunicado da organização, apontando o caso “concreto” da Biblioteca Joanina, “fortaleza do conhecimento” onde reside “uma colónia de morcegos, animais noctívagos que encontram o seu alimento nos insetos e lagartas presentes nos 55 mil livros da biblioteca barroca”.
“De relações poéticas como estas emergirão os paralelismos necessários para pensar a noite como criadora de conhecimento que dilui as margens e convida a outras leituras do mundo”, referem.
A Bienal Anozero 21-22 integra a Temporada Cruzada Portugal-França, uma iniciativa do Institut Français, anunciada em julho de 2018 pelo primeiro-ministro português António Costa e pelo presidente francês Emmanuel Mácron, lembram os organizadores.
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