Ex-primeiro ministro da Polónia, agora eleito para um segundo mandato à frente do Conselho Europeu, Donald Tusk, de 59 anos, é quem lidera uma das principais instituições da União Europeia.

Desde 2014, altura em que substituiu o belga Herman Van Rompuy, que Tusk orienta o Conselho. Enfrentou o conflito na Ucrânia, a crise financeira grega, a crise migratória, e, mais recentemente, o Brexit.

Agora, prepara-se para mais um mandato à frente da União que tem pela frente um duro debate sobre o seu futuro a 27 (com a saída do Reino Unido). “Temos a Europa nas nossas mãos”, lembrou o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, ao apresentar, no início de março, cinco cenários para reflexão.

O percurso

Filho de um carpinteiro e de uma enfermeira, Tusk é originário da cidade de Gdansk, que esteve sob domínio alemão até ao fim da II Guerra Mundial. É casado com Malgorzata Tusk desde 1978, com quem tem dois filhos.

Os primórdios da atividade política remontam à altura em que estudava História na universidade da cidade natal, e participava em ações ilegais contra o regime comunista que governava a Polónia. Ainda numa primeira fase, passou pelo movimento Solidariedade, tornando-se numa das jovens figuras intelectuais de relevo.

Pelo caminho, Tusk esteve ainda na fundação de dois partidos: no início dos anos 1990, do Congresso Liberal-Democrata [KLD] e, nos anos 2000, do Plataforma Cívica – o partido que liderou e através do qual chegou ao poder em 2007. Um percurso caracterizado pela defesa de uma ideia liberal do mundo e de uma Polónia pró-Europa.

Chefe de Governo da Polónia

Primeiro-ministro da Polónia durante 7 anos, de 2007 a 2014, o seu governo ficou marcado pela capacidade de resposta da economia polaca durante à grave crise financeira internacional de 2008-2009. Enquanto o resto da Europa tremia, a Polónia crescia. Neste período, conseguiu fazer o seu país crescer perto de 20%, sucesso que contribuiu para a sua popularidade a nível nacional. Além disso, Tusk conseguiu melhorar as relações com os principais vizinhos da Polónia - a Rússia, de Vladimir Putin, e a Alemanha, de Angela Merkel.

À frente do Conselho Europeu

Em 2014, Tusk afasta-se da liderança do governo para se poder candidatar à presidência do Conselho Europeu. Desde então, tem mantido uma certa discrição e não é das figuras que mais surgem na imprensa internacional.

Na prática, com o cargo que ocupa, não tem um poder efetivo tão grande quanto o de Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, ou de Antonio Tajani, que lidera o Parlamento Europeu.

Enquanto líder do Conselho Europeu, a sua principal função passa por definir as orientações gerais e as prioridades políticas da União Europeia, sem poder aprovar legislação. Quer isto dizer que nas suas reuniões, em geral, quatro por ano, e onde estão presentes os chefes de estado ou de governo dos 28 membros da União, discutem-se e apresentam-se conclusões relacionadas com as questões prioritárias da União.

O cargo foi criado em 2009, e Tusk é apenas o segundo a ocupá-lo.

A renovação do mandato

Com o voto contra, a Polónia tornou-se no primeiro país a não apoiar um cidadão nacional numa corrida a um alto cargo na administração europeia. Esta batalha tem vindo a ser travada pelo partido ultraconservador Lei e Justiça, que governa a Polónia, e que acusa Donald Tusk de interferir abusivamente na política interna do país. Por isso, em março, o partido colocou na corrida para o cargo de presidente do Conselho Europeu o eurodeputado polaco Jacek Saryusz-Wolski, que acabou hoje derrotado.

“Agora mesmo, por nota diplomática, propus a candidatura de Jacek Saryusz-Wolski (eurodeputado polaco) ao cargo de presidente do Conselho Europeu”, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Witold Waszczykowski, citado pela agência noticiosa PAP, a 4 de março deste ano.

Todavia, vários líderes europeus, entre os quais a chanceler alemã Angela Merkel, já haviam manifestado publicamente o seu apoio a Tusk para um novo mandato (de junho de 2017 a novembro de 2019).

Para a renovação de Donald Tusk era necessário o “sim” de pelo menos 21 países, que representem 65% da população da União Europeia.

Conseguida a reeleição, o Partido Popular Europeu continua à frente das três principais instituições da União Europeia: em janeiro, o italiano Antonio Tajani venceu a corrida para a presidência do Parlamento Europeu; a Comissão Europeia é liderada por Jean-Claude Juncker até 2019 e Donald Tusk renova agora o seu mandato, que termina em 2019.