Gravar uma compilação era algo que fazia parte da ‘bucket list’ (lista de desejos, em português) da vida de Sam The Kid, “um sonho”, concretizado no ano passado e cujo arranque, em 2016, coincidiu com a abertura da plataforma TV Chelas, “inaugurada com o som com o Boss AC [‘Caravana’, primeiro tema de ‘Mechelas’], um bom cartão de visita para causar impacto”.
A ideia de transpor “Mechelas” para palco surgiu de um desafio do músico e produtor Sensi, responsável pelos espetáculos “A história do hip-hop tuga” e “Summer Clash”, integrados no cartaz do festival da Ericeira em anos anteriores.
“Vamos fazer ali uma coisa única, especial e, seguindo a linha do Sam The Kid e a ligação que ele tem com Chelas [bairro em Lisboa de onde o ‘rapper’ é originário], tivemos a ideia de levar Chelas até à Ericeira”, referiu Sensi em declarações à Lusa.
Não fosse o desafio e provavelmente “Mechelas” não chegaria a ser apresentada ao vivo.
“Não tinha pensado levar a compilação para palco, porque requer um trabalho muito grande que eu não queria ter. Quando envolve dezenas de pessoas a logística fica bastante complexa, então tinha posto essa ideia de parte. Cheguei a pensar, mas tirei logo a ideia da cabeça”, confessou Sam The Kid, também em declarações à Lusa.
O desafio deixou-o “muito feliz”, mas também a pensar se seria aquele o palco indicado. “Depois rapidamente achei que sim, porque é um festival que chega a muita gente, será um evento único e há ali um grande equilíbrio entre nomes que têm alguma ou muita experiência e outros nomes que não têm tanta experiência, alguns se calhar nunca pisaram um palco desta dimensão e é sempre bom eles terem esta oportunidade de dar a conhecer o seu trabalho e eu não podia ser egoísta ao ter um convite destes e pensar ‘pode haver sítios mais indicados’”, contou.
A compilação é composta por 18 faixas e inclui ainda mais artistas, já que vários temas são colaborações.
Na sexta-feira, em palco, estarão os artistas envolvidos em todas as faixas, “à exceção de uma, ‘Começar de Novo’", colaboração entre Maze e Daddy-O-Pop, já que o primeiro não poderá estar presente, por ter concertos marcados para o mesmo dia com os Dealema.
“Eu serei o apresentador, a pessoa que convida as pessoas a entrarem no meu mundo, e estarei sempre em palco”, revelou Sam The Kid, adiantando que, além dos temas da compilação, “haverá espaço para surpresas”.
As músicas que serão apresentadas foram sendo lançadas “periodicamente e de forma individual”, e só “mais ou menos a meio” é que Sam The Kid confessou que estava a fazer uma compilação, “as pessoas nem sabiam que isto iria existir fisicamente”.
O primeiro tema, “Caravana”, saiu em 2016 e o último, “Sendo Assim”, um solo de Sam The Kid, no ano passado. “Foi um álbum em movimento, que as pessoas puderam acompanhar”, disse.
Começar com “um som com o Boss AC” e terminar com “um som a solo” era a “única coisa” que Sam The Kid tinha definido em relação a “Mechelas”.
“As outras músicas que estão lá muitas delas foram feitas de forma muito espontânea, muito natural, mas com vontade de acrescentar pessoas com quem nunca colaborei, porque é uma missão que eu tenho no caminho que estou a percorrer – colaborar com máximo de pessoas que eu admiro, porque o hip-hop vive muito de colaborações”, contou, referindo que foi tudo feito “sem deadlines”.
Ainda antes de apresentar “Mechelas” ao vivo, Sam The Kid já tem vontade de fazer outra compilação. “Muito em breve irei começar já a tratar disso, já tenho bastantes ideias, já tenho o título, que ainda não posso revelar”, disse à Lusa.
Na próxima compilação, o ‘rapper’ e produtor tem “vontade de estar ainda mais presente a nível vocal”.
“Já existem várias pessoas com esses instrumentais e prontas para gravar para esta próxima compilação”, adiantou, explicando que irá funcionar “na mesma lógica” de “Mechelas”, “de juntar pessoas e também com uma noção de lusofonia”.
“Porque neste disco também tenho convidados de rap angolano, rap moçambicano e até brasileiro. E o próximo não será exceção. Mas [será feito] de forma bastante natural. Não é por decidir que quero ter ‘rappers’ de outros países”, referiu.
No espetáculo “Mechelas” passarão pelo palco do Sumol Summer Fest, entre outros, Bispo, Blasph, Bob da Rage Sense, Boss AC, Francis Dale, GROGNation, Karlon Krioulo, Nameless, Phoenix RDC e Sir Scratch.
O Sumol Summer Fest realiza-se na sexta-feira e no sábado, no Ericeira Camping, e o cartaz inclui, além do espetáculo “Machelas”, atuações dos norte-americanos Young Thug e Brockhampton, dos portugueses Kappa Jotta, Holly Hood, Puro L e Cálculo, entre outros.
*Joana Ramos Simões, da agência Lusa
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