Ambos são engenheiros civis especializados em estruturas na empresa Thornton Tomasetti, em Londres, e estão envolvidos no projeto de renovação e ampliação do complexo do All England Club, que foi suspenso para que se realizasse o torneio.
Um dos principais desafios deste projeto é ter de ser interrompido cerca de duas semanas em julho, o que tem impacto na duração das obras, estimadas para terminarem em 2019.
“Num projeto normal, nós montamos o estaleiro no início da obra e desmontamos no final, não temos interrupções pelo meio. Neste projeto, nós começámos, mas temos de parar duas vezes. O projeto vai ter três anos e nós parámos em cada ano para fazer o campeonato. Isto significa que temos de desmontar todo o estaleiro, tirar tudo o que é apoios temporários da estrutura e garantir que a estrutura está estável e segura para abrir ao público durante este período”, disse Sara Pousinho à agência Lusa.
Iniciadas em 2016, as obras são maiores e mais complexas do que as realizadas anteriormente no ‘court’ central, que desde 2009 tem uma cobertura retrátil para que os desafios possam realizar-se mesmo com chuva.
No ‘court’ 1, para além de um novo teto retrátil, com funcionamento previsto para 2019, as bancadas terão uma capacidade adicionada em cerca de 900 lugares para além dos atuais 11.500 assentos.
Debaixo da cobertura vão ser criadas salas para receções, refeições e outros usos, enquanto no espaço adjacente, onde antes estava o ‘court’ 19, vai nascer uma praça pública, que vai estar pronta em 2018.
Sara Pousinho, de 34 anos e natural de Amora, no Seixal, chegou à empresa norte-americana em 2014, depois uma carreira iniciada em Portugal, onde trabalhou em projetos como a Igreja de Santíssima Trindade, em Algés, o futuro Museu de Arte Contemporânea nos Açores, bem como hotéis, edifícios residenciais e industriais.
No projeto de Wimbledon, começou por estar envolvida como projetista, mas, no último ano, foi para o terreno acompanhar a execução da obra para que esteja de acordo com os planos.
“Um dos maiores desafios é o facto de estarmos a trabalhar com uma estrutura existente. Tivemos de fazer as verificações à estrutura existente para garantir que ela tem capacidade para suportar a nova cobertura, que vai ser um pouco mais pesada. Para além disso, vamos estender a cobertura existente para acomodar novas suites e novos restaurantes que foram pedidos pelo cliente”, justificou.
João Matos Cardoso, de 27 anos e natural de Lisboa, chegou mais recentemente, depois de uma experiência em Portugal onde esteve envolvido no projeto de uma torre de escritórios em Picoas, em Lisboa.
“Dentro da equipa do projeto, o meu papel tem sido desenvolver modelos à mão ou computacionais para avaliar a resposta da estrutura em diferentes cenários de carga e com esses dados dar dimensão aos diferentes elementos estruturais. O nosso papel, enquanto equipa de projeto, foi encontrar uma solução estrutural viável e o mais eficiente possível para que se pudesse dar forma à visão do arquiteto e responder às necessidades do cliente”, vincou.
Michael Roberts, diretor associado e líder do projeto, saúda o facto de a subsidiária londrina da Thornton Tomasetti contar com mais de uma dezena de nacionalidades, muitas das quais têm contribuído para este empreendimento.
“Atualmente, no nosso escritório temos seis pessoas envolvidas no projeto, mas o número tem variado de acordo com as diferentes fases do projeto. Durante a fase mais intensa chegou a ter 15 – 16 pessoas. Ter uma mistura de pessoas de todo o mundo no escritório oferece uma enorme utilidade porque trazem conhecimentos diferentes, experiências diferentes, competências diferentes. Tudo junto produz grandes resultados”, disse.
João Matos Cardoso já era um adepto do ténis, por isso não esconde o “orgulho enorme” de estar a trabalhar num local tão emblemático, mas Sara Pousinho admite que só começou a apreciar recentemente o desporto, que acompanha com dedicação profissional: “Sinto um bocadinho o peso da responsabilidade quando vejo na televisão o estádio”.
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