Embora o título remeta para o embalo, “quando se entra na sala, percebe-se que esta canção de embalar tem um objetivo diferente, quer tornar [o visitante] mais ciente do que se passa no mundo à [sua] volta”, afirmou hoje o diretor do Museu de Serralves, Philippe Vergne.

O conceito “vem de uma ideia do que se faz quando se é criança e se está a adormecer — o que está no mundo real e se transforma no sonho”, esclareceu David Douard, durante uma visita à exposição com a imprensa.

“É um mundo que se leva para a cama, quando se está a adormecer, e pode-se transformar esse mundo noutra coisa. É isso que faço com as esculturas”, reiterou.

Nesta exposição são exibidas esculturas, instalações, fragmentos de linguagem e registos de vídeo e som que dão continuidade a um projeto começado pelo artista em Paris, mas que evoluíram para este trabalho que chega agora a Portugal, e que dá por encerrada a série.

Para o diretor do museu, as obras revelam “estruturas de constrangimento e controlo que foram derrubadas” e uma “contracultura traduzida de uma forma que transforma a corrupção em beleza”.

Douard “encontrou poesia e beleza nos recantos obscuros do mundo digital e espaços urbanos”, considera Vergne.

O artista explicou que quis “transformar esse mundo digital em algo que se pode ver e sentir” e explorar “como o natural se torna objeto pelo humano, e como retorna nessa perspetiva”.

Outra das preocupações, explicou à Lusa, foi transmitir uma “interpretação da linguagem na escultura” e perceber como é que “esta forma de linguagem pode ser contida num objeto que resiste”.

A preocupação em derrubar “estruturas de constrangimento e controlo”, frisou Philippe Vergne, levou a que “a parede da galeria fosse expandida”, mutando o espaço.

“Não gosto da autoridade da escultura, gosto que ela seja vista de formas diferentes”, adiantou Douard à Lusa.

Porque “odeia” a “atenção que se dá ao centro”, decidiu transformar a sala quadrada da galeria, com um arco, cortinas e grades, “para tirar tudo do centro”, detalhou.

“O’Ti’Lulabies” traz uma “narrativa contagiante” com “características orgânicas e anárquicas” veiculadas por “uma peculiar espécie de tela: grades de metal, persianas verticais, janelas e divisórias”, que “constituem um convite à expressão”, lê-se no texto descritivo.

A mostra, produzida pela Fundação de Serralves, em colaboração com o artista, e com as galerias Chantal Crousel, em Paris, e Rodeo Londres/Pireu, pode ser vista a partir de hoje, no Museu de Serralves, no Porto, onde estará patente até novembro.

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