“Em 2011, 60 anos após a primeira viagem de família a Granada, Siza vence por unanimidade o Concurso Internacional de Ideias para o Átrio da Alhambra, juntamente com o arquiteto espanhol Juan Domingo Santos, propondo uma ‘Porta Nova’ para o século XXI, que simbolizasse em continuidade todas as entradas que permeiam esta acrópole de modernidade atemporal”, pode ler-se na descrição feita por Serralves da exposição comissariada por António Choupina.
No entanto, em dezembro do ano passado, a proposta apresentada por Siza Vieira e Juan Domingo Santos para aquele espaço foi rejeitada, depois de um parecer negativo do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS), que classificou o projeto como “invasivo”, de acordo com a imprensa na altura.
A inauguração da exposição, que vai estar em Serralves até 28 de maio, terá lugar hoje, às 19:00, seguida de uma conversa com Álvaro Siza Vieira e Juan Domingo Santos, na qual participam ainda Kristin Feiriss, júri do Prémio Pritzker e fundadora da Aedes Architecture Forum, Berlim, Jorge Nunes da Silva, especialista técnico do projeto, com moderação de António Choupina.
“Esta exposição foi já apresentada no Aedes Architecture Forum de Berlim, no Vitra Design Museum de Weil am Rhein, no Palácio de Carlos V em Granada, no National Museum of Art, Architecture and Design da Noruega, em Oslo e ainda no Aga Khan Museum de Toronto. Chega agora a Serralves, onde serão apresentados múltiplos desenhos, maquetes, vídeos, entrevistas, fotografias e livros sobre o projeto da ‘Porta Nova’ de Alhambra, tudo isto no contexto de um concurso altamente complexo, cujo resultado se vê hoje num limbo político de disputas patrimoniais”, realçou Serralves.
O museu de arte contemporânea sublinha que “é incomum que um projeto seja tão discutido e reconhecido internacionalmente, antes mesmo de ser construído”, algo que acontece neste caso “sobretudo porque o projeto trata de temas importantíssimos no que diz respeito aos debates da gentrificação, ao impacto dos 8.500 turistas diários que recebe atualmente, e à intervenção contemporânea em espaços classificados pela UNESCO”.
Nascido em Matosinhos, Álvaro Siza Vieira estudou na Faculdade de Belas Artes do Porto, onde foi professor, e criou em Portugal obras emblemáticas como, entre outras, o Pavilhão de Portugal, e a reconstrução da zona do Chiado, destruída por um incêndio, em 1988, em Lisboa, e o próprio Museu de Arte Contemporânea de Serralves.
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