Num estudo com mais de mil jovens entre os 14 e os 17 anos de idade na Noruega, 549 relataram já terem tido um parceiro romântico. Quase um terço dos jovens disseram ter enviado mensagens sexuais explícitas - imagens e/ou texto - para os seus namorados(as). Em comparação com os adolescentes que não tinham praticado sexting com um parceiro, este grupo de jovens experimentou quatro vezes mais violência física - bofetadas, empurrões, estrangulamento ou espancamento com um objeto duro, descobriram os investigadores. Na análise às respostas, concluiu-se que os praticantes de 'sexting' sofreram 2,5 vezes mais abusos sexuais, que vão desde beijo forçado a estupro, e 3,5 vezes mais violência psicológica.

As descobertas foram publicadas na revista científica Scandinavian Journal of Public Health. Para os adolescentes, "há uma maior chance de se tornar vítima de violência com um parceiro íntimo se enviar mensagens com conteúdo sexual", disse o autor do estudo Per Hellevik, sociólogo do Centro Norueguês para o Estudo da Violência e do Stress Traumático, em Oslo. Mais de 40% dos jovens com interesses amorosos - que não necessariamente incluíam sexo -, tanto os que praticavam sexting como os que não praticavam, disseram que tinham experimentado algum tipo de violência no relacionamento.

Triste, assustado, amado ou desejado

As raparigas evidenciaram estar muito mais expostas à violência do que os rapazes, principalmente aquelas que tinham parceiros mais velhos. Os adolescentes de ambos os sexos foram questionados sobre como se sentiram quando sofreram violência num relacionamento. As respostas variaram desde "triste" e "assustado" até "amado" e "desejado".

Em comparação com os rapazes, o dobro das raparigas expressaram sentimentos negativos sobre a violência. No outro extremo, "1% das raparigas e 35% dos rapazes tiveram experiências puramente positivas", disse Hellevik num comunicado.

O estudo não concluiu que o sexting causa violência, observando que as crianças que vivenciam discussões ou brutalidade em casa ou na escola são propensas a um comportamento semelhante com os seus parceiros íntimos. Por outras palavras, o sexting pode ser tanto um sintoma como uma causa. As descobertas levantam questões controversas sobre quando e como os pais e os professores devem interferir na vida digital privada dos jovens. "Nós não deixaríamos os adolescentes passar o tempo todo nas ruas durante o dia todo sem saber o que estão a fazer ou com quem estão", disse Hellevik. "Da mesma forma, não deveriam ser autorizados a passar o tempo on-line por conta própria", concluiu.