“Otelo, o Mouro de Veneza”, uma tragédia escrita pelo dramaturgo William Shakespeare, é a primeira produção própria desta temporada de 2018/2019 do Teatro Nacional São João (TNSJ), e sobe ao palco pelas 21:00, com encenação do diretor artístico do TNSJ, Nuno Carinhas.

Os temas que esta tragédia shakesperiana vai abordar, como o ciúme, a traição, o homicídio de uma mulher pelo seu marido, que se suicida depois por ter descoberto que matou uma inocente, ou a ameaça de um pai que quer bater na filha, são uma espécie de reflexo do que ainda acontece hoje na sociedade ocidental, admitiu aos jornalistas Nuno Carinhas, quando da apresentação da peça.

No "papel do pai que pode parecer mais ou menos inocente numa narrativa normal (…), sentimos aquela ameaça de estalo, aquela ameaça de bofetada, numa forma desagradável e extraordinariamente bem feita pelos atores, e é isso - estamos 20 minutos com uma sociedade de homens a decidirem os destinos do país e também das mulheres, dos filhos” descreve Carinhas, reconhecendo que a decisão da Desdémona, que enfrenta o pai, dizendo que o respeita, mas que precisa de continuar a sua vida, “não é uma circunstância fácil com uma plateia só de homens à volta”, e esses factos continuam a ser “um reflexo da nossa sociedade”.

Nuno Carinhas considerou que o elenco deste “Otelo” é “muito maduro”, um facto que traz “outra densidade” aos conflitos, e é tudo “mais denso”, “mais pensado”, não havendo “inocências”, tirando a inocência de Desdémona, interpretado por Maria João Pinho, e que faz de filha do senador que decide desposar um homem de outra raça e estatuto (Otelo), uma “criatura aberta”, capaz de enfrentar o pai.

A água, a “água negra”, é um elemento fundamental na cenografia da peça, que fica em cena no TNSJ até 13 de outubro, porque “espelha tudo o que está em cima do palco”, desde as personagens aos objetos, conta ainda o encenador Nuno Carinhas, desvendando que, no final, haverá espelhos côncavos que vão reduzir o espaço da ação em palco, como se fosse o quarto de Otelo e Desdémona, fazendo com que apareçam como “criaturas monstruosas” e “deformadas”.

A luz ténue é outro ponto essencial, até porque a ação decorre quase sempre à noite, explica Carinhas, recordando que muitas das cenas, principalmente as de grande intriga, se desenrolam nas ruas à noite.

Além Maria João Pinho, o elenco é composto por António Durães, Diana Sá, Dinarte Branco, Joana Carvalho, João Cardoso, Jorge Mota, Paulo Freixinho, Pedro Almendra e Pedro Frias.

“Otelo”, com tradução e versão cénica do poeta Daniel Jonas, abre a temporada do Teatro Nacional São João e marca o regresso de Nuno Carinhas a Shakespeare, um ano depois da montagem de “Macbeth”.

O espetáculo, para maiores de 12 anos, é legendado em inglês, e pode ser visto quarta-feira e sábado, às 19:00, e quinta e sexta-feira, às 21:00. Aos domingos, a representação tem início às 16:00.

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