O caso começou na passada sexta-feira, quando Stephen King, mestre da literatura de terror e fantástica, anunciou que o Portland Press Herald, um dos principais jornais do Maine, onde mora, iria acabar com a sua secção de domingo dedicada aos livros escritos por autores deste pequeno estado fronteiriço com o Canadá.

"Diga ao jornal que NÃO FAÇA ISSO", tweetou o bem-sucedido escritor de 71 anos, que se tornou famoso com livros como "Carrie" e "The Shining", levados, inclusive, ao cinema.

Na sequência do apelo, mais de 8.000 dos seus fãs fizeram a mensagem espalhar-se. Em resposta, a direção do jornal, que emprega 70 jornalistas, reagiu desafiando-o a ajudá-la a encontrar novos assinantes para compensar os "milhares de dólares" que a secção lhe custa, escrita na sua maioria por profissionais que trabalham por peça.

"Se conseguir convencer mais de 100 dos seus fãs a assinar a edição digital, iremos reincorporar imediatamente as críticas de livros", tweetou o jornal, que tem menos de 10.000 assinantes digitais.

Nesta segunda-feira, o objetivo das 100 assinaturas - a um custo de 15 dólares por 12 semanas - espalhou-se amplamente: "Obrigado a todos que assinaram o Press Herald", escreveu Stephen King. "Salvaram o dia. Existem países onde as artes são consideradas vitais. Infelizmente, este não é um deles", lamentou.

Cliff Schechtman, editor do jornal, informou que a publicação conseguiu "quase 250 novos assinantes" graças a esta iniciativa.

"Quando alguém como Stephen King se envolve, com mais de cinco milhões de seguidores no Twitter, sabemos que terá um impacto, e questionamo-nos sobre como poderíamos usar a sua influência para apoiar o jornalismo local", disse à AFP por telefone. "As pressões financeiras não se reduziram até agora, o setor vive mudanças consideráveis, mas, neste caso, teve um final feliz", acrescentou.

Embora todos os meios de comunicação social tenham perdido receitas com o crescimento das redes sociais e da disponibilidade de grande quantidade de informação gratuita na Internet, os jornais locais, com recursos limitados, veem-se particularmente afetados e, muitas vezes, lutam para sobreviver.