Nasceu na cidade de Nova Marabá, no Pará, o segundo maior estado do Brasil, mas veio para Portugal juntamente com a mãe e o padrasto, que é português. A família fixou-se em Macedo de Cavaleiros e ela em Lisboa. Já tinha feito estudos musicais no Brasil e a ideia, por cá, era continuar na área. Mas a princípio as coisas não foram fáceis, não conhecia ninguém no meio — até que tudo mudou.
"Fui trabalhar para um café até começar um curso na Restart, onde conheci o Mikkel Solnado. Foi ele que me convidou para ir trabalhar como compositora no seu estúdio. No primeiro dia lá, cantei as minhas músicas para ele. Aí ele me disse que não queria trabalhar comigo apenas como compositora, mas sim como artista".
A conversa vai sendo interrompida por pequenas gargalhadas tímidas. Tainá não esconde esse lado mais reservado. Talvez por isso conte que, até há muito pouco tempo, tudo o que compunha guardava apenas para si.
"Só a minha família é que me ouvia, não tinha coragem de cantar em lugares públicos. A primeira vez que cantei para um público foi num concerto de fim de curso no Auditório da Restart. Foi a primeira vez que vi a reação das pessoas e me senti completa. A partir desse momento não parei mais. Agora quero cantar o que acredito".
Assim tem feito. E quem já a ouviu foi Erlend Øye, dos Kings of Convenience.
"Fui com amigos à rua da Bica comer uma coxinha, que lá tem uma coxinha brasileira muito boa, e os músicos do Erlend Øye estavam tocando bossa nova numa rodinha. Eu achei que eram músicos brasileiros e um amigo desafiou-me a cantar uma música. Aí, fui e cantei o 'Corcovado'. Então eles convidaram-me para, no dia seguinte, assistir ao concerto no Capitólio. Eu não sabia quem era o Erlend Øye, mas fui na mesma. Fiquei apaixonada e quis agradecer o convite. Ele cumprimentou-me e passou-me uma guitarra. Eu não consegui dizer nada, mas toquei uma música minha. Depois disso eles convidaram-me para tocar com eles em Guimarães".
Erlend Øye não é o único rendido à voz doce da brasileira. Tainá, que editou este ano um disco homónimo, destaca o "respeito" que tem sentido por parte do público português. E os seus sonhos não dão apenas título do primeiro single de avanço. "Tenho muitos sonhos e a música é só um princípio. Quero usar a música para fazer as pessoas sentirem-se bem", diz-nos.
A cantora faz parte do cartaz do Super Bock em Stock e sobe ao palco da Casa do Alentejo, em Lisboa, este sábado pelas 20h00. "Esta concerto será um desafio para mim", conta. "Desde que lancei o meu disco tenho-o apresentado sempre com banda. Lá vou apresentá-lo com o mesmo sentimento de quando compus os temas, só com guitarra e voz".
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