“A ideia é dizer: ‘Nós estamos aqui, a acordar, a mexermo-nos e em setembro estamos em cena'”, disse à Lusa o encenador João Lourenço, a propósito do espetáculo “7 do 7 às 7″, que, no dia 7 de julho, às 19:00, vai já decorrer no palco do Teatro Aberto, mas ainda sem publico presencial.
A peça, com vários atores, canto e música ao vivo, terá transmissão direta por ‘streaming’, e é uma espécie de “ponte” entre o “Teatro em Casa” — iniciativa que levou espetáculos de teatro (de arquivo) até casa das pessoas através da Internet, durante a quarentena da pandemia de covid-19 –, e o regresso às apresentações em sala com público presente, em setembro, explicou.
“É um espetáculo mistério que só se vai conhecer em direto. Foi concebido um pouco por mim, e partiu da experiência do período de confinamento em que começámos a pôr êxitos nossos em ‘streaming’. Fomos pioneiros na transmissão de teatro ‘online'”, disse João Lourenço.
O encenador diz que não pode adiantar praticamente nada, sobre a nova produção, porque é “surpresa”, mas avança que vai ter representação e música, que os atores vão estar todos em palco, mas não ao mesmo tempo, que vão atuar, cantar e falar para a câmara, que vai haver um piano, mas também “pode haver outros instrumentos”.
Os atores, cantores e músicos que estarão presentes no espetáculo são Ana Franco, Ana Guiomar, Bernardo Lobo Faria, Bruna Quintas, Carlos Malvarez, Carmen Santos, Catarina Avelar, Cristina Carvalhal, Cristovão Campos, Giordanno Barbieri, Guilherme Moura, João Paulo Santos, Márcia Breia, Maria Emília Correia, Mariana Rosa, Mário Redondo, Miguel Guilherme, Rui Melo, Sofia Fialho e Tomás Alves.
Ciente de que o teatro é para ser feito com “seres humanos dos dois lados, no palco e na plateia”, e não pode ser feito com máscaras, João Lourenço criou o espetáculo “7 do 7 às 7″, que pode ser visto a partir de onde se quiser (lugar e plataforma), como “ponte” para em setembro começar ao vivo e presencialmente, com “Golpada”, peça que abre a temporada.
“Isto não vai melhorar tão cedo e não queremos que as pessoas se esqueçam do teatro, que é a arte mais atacada. Com esta peça despedimo-nos disto do ‘streaming’, mas não permanentemente. Vai ser bom para falarmos com as pessoas e dizermos que venham ao teatro”, disse o encenador.
Antes do estado de emergência, que obrigou ao encerramento das casas de espetáculos, o Teatro Aberto tinha contrato para a “Golpada”, de Dea Loher, com encenção de João Lourenço, peça que vai abrir a temporada, com estreia marcada para setembro.
Prevista está também a exibição de “Só eu escapei”, de Caryl Churchill, com encenação de João Lourenço e interpretação de Carmen Santos, Catarina Avelar, Márcia Breia e Maria Emília Correia, a partir de novembro.
Até ao fim do mês, o encenador conta ter a temporada toda fechada, destacando que não serão mais do que quatro espetáculos, porque “o teatro não é para estar em cena 10 dias”.
“As pessoas a trabalhar para nós não fazem peças para dez dias. Isso é como deitar um livro fora. Nós fazemos peças para três meses. O teatro precisa de tempo, não é um festival”.
Comentários