Com “Mourning becomes Electra” (“Electra e os fantasmas”, na tradução portuguesa), Carlos Avilez encena uma peça que apesar de se inspirar nas tragédias gregas e na dramaturgia shakespeariana, deve ser entendida sobretudo como uma “versão contemporânea de ‘Oresteia’, de Ésquilo”, refere o TEC no texto de apresentação da peça.
Escrita pelo dramaturgo norte-americano Eugene O’Neill (1888-1953), no início da década de 1930, a ação deste ciclo de dramas centra-se na família Mannon, em cuja mansão no estado norte-americano de Nova Inglaterra decorre a ação.
Ao regressar da guerra, o herói Ezra (que corresponde a Agamemnon) é assassinado pela sua mulher infiel Christine (Clitemnestra), com a ajuda do amante desta Adam (Aegisthus).
Depois, os filhos Lavínia (Electra) e Orin (Orestes) vingam-se do amante e da mãe, reconhecendo a parte destes na história de crimes e castigos na família marcada pela traição e lascívia.
Além destes elementos específicos da “Oresteia”, que O’Neill transfere para a sua trilogia, “é a força poderosa de uma maldição familiar que atravessa várias gerações, a de um destino trágico provocado não por ações sobrenaturais mas por complexos psicológicos de uma tradição civilizacional que reprime e oprime a vivência plena da sexualidade humana”, lê-se na apresentação do TEC sobre a obra.
“Mourning becomes Electra” estreou-se no Broadway, em 1931, e foi adaptada ao cinema após a II Guerra Mundial, em 1947, com o argumento adaptado pelo próprio dramaturgo, quando já tinha sido distinguido com o Nobel da Literatura (1936).
O filme foi realizado por Dudley Nichols, e contou com interpretações de Rosalind Russell e Michael Redgrave, nomeados para os Óscares de melhores atores pelo seu desempenho, e para os Globos de Ouro, que a atriz conquistou.
Encenada por Carlos Avilez, diretor artístico do TEC, companhia que celebrou 58 anos no passado dia 13, “Electra” tem interpretações de Carla Maciel (Christine), Miguel Loureiro (Ezra Mannon), Bárbara Branco (Lavínia) e David Esteves (Orin).
A interpretar estão também Carolina Faria, Diogo Mesquita, João Craveiro, Luiz Rizo, Miguel Amorim, Rafael Carvalho, Rita Calçada Bastos, Sérgio Silva, Susana Luz, Teresa Côrte-Real, Teresa Jerónimo, Tobias Monteiro e Vera Macedo.
A dramaturgia e adaptação é de Graça P. Corrêa, o espaço cenográfico de Fernando Alvarez, o desenho de luz de Manuel Abrantes e tem participação musical de Tiago Machado, que compôs algumas sequências para a peça.
A 177.ª produção do Teatro Experimental de Cascais vai estar em cena até 17 de dezembro com sessões de quinta-feira a sábado, às 21:00, e, ao domingo, às 16:00.
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