Uma “ode ao amor e ao quotidiano”, é como a encenadora classifica a peça que encena a partir da série (e do filme) do dramaturgo e realizador sueco Ingmar Bergman (1918-2007), na qual se reflete “como é que muitas vezes se consegue salvar o amor”, disse a encenadora à agência Lusa.
Os atores Ivo Canelas e Katrin Kaasa são os protagonistas desta encenação, que também conta com trabalho em vídeo do realizador João Canijo.
“Como é que muitas vezes conseguimos salvar o amor numa relação, como é que o quotidiano, de alguma forma, mata o amor, a rotina entedia, o tédio se instala e como, no caso do Bergman, que é um génio, surge a solução para que o amor continue a existir” são temas centrais da peça que Rita Calçada Bastos leva, a partir de dia 22, ao palco da sala Mário Viegas, do Teatro S. Luiz.
Muitas vezes salvar o amor não passa “pelo modelo relacional que nós conhecemos ou que a sociedade instalou como normal”, referiu Rita Calçada Bastos à agência Lusa, acrescentando que a peça reflete precisamente sobre essa questão.
A questão de “como é que nós conseguimos sobreviver a este quotidiano que nos dilacera, que nos engole”, frisou.
Para a encenadora, “Ingmar Bergman é o Tchekhov do século XX”, já que o autor sueco “trata a matéria humana” de uma forma muito “cruel e transparente”.
“Trata de todas as nossas emoções e todos os nossos sentimentos aqueles mais obscuros — os seus demónios, como ele chamava — de uma forma muito dissecada”, enfatizou.
Para a encenadora, a forma como Ingmar Bergman trata as questões da natureza humana é “muito interessante”.
Até porque “nos revemos nelas, mesmo quando não queremos pensar sobre isso”, sublinhou.
Numa peça em que a encenadora privilegia o trabalho de atores, “sem artifícios, tal como Bergman fazia”, a peça tem também uma componente cinematográfica forte, dirigido pelo realizador João Canijo.
Na pele das personagens da minissérie realizada por Ingmar Bergman, em 1973, vão estar Katrin Kaasa e Ivo Canelas.
Marianne (Liv Ulman) e Johan (Erland Josephson) eram as personagens centrais da minissérie, em que interpretavam um casal perfeito, que deixou de o ser quando, ao fim de dez anos de relação, Johan trocou Marianne por outra mulher. Os dois são então forçados a confrontar-se com a fragmentação do casamento. Em seis cenas, Bergman faz a crónica dos dez anos de amor e do seu desgaste.
A série original deu também origem à montagem cinematográfica que conquistou o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, em 1975.
“Cenas da Vida Conjugal” vai estar em cena até 04 de julho, com espetáculos de terça-feira a sábado, às 19:30, e, aos domingos, às 16:00.
No dia 26 de junho, às 17:30, haverá uma conversa com o público, sobre “A importância de Ingmar Bergman na vida de todos nós”.
Na iniciativa participam a embaixadora da Suécia em Portugal, Helena Pilsas, a diretora artística do S. Luiz, Aida Tavares, a dramaturga Maria Quintans, o realizador João Canijo, a encenadora e atriz Rita Calçada Bastos, o ator Ivo Canelas e a atriz Katrin Kaasa.
“Cenas da Vida Conjugal” tem desenho de luz de Paulo Santos, vídeo de João Canijo e Leonor Teles e cenografia e figurinos de Fernando Alvarez.
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