Baseada no romance de Margaret Atwood, "O conto da aia", a série sobre um regime teocrático, no qual a mulher está submetida ao seu papel reprodutor, captura — nos ecrãs  — a atenção dos Estados Unidos, enquanto nas ruas defensores dos direitos femininos protestam após a recente indicação de um juiz ultraconservador à ao Supremo Tribunal pelo presidente Donald Trump.

"The Handmaid's Tale" (Hulu) recebeu 20 indicações e já venceu três estatuetas, incluindo a de melhor atriz convidada para Samira Wiley, num evento dos Emmy antes da cerimónia de hoje, em Los Angeles, onde vão ser revelados os vencedores das principais categorias.

"Acho que 'The Handmaid's Tale' ganhará por conta do momento em que vivemos, aborda muitas preocupações que as pessoas têm agora, acho que será o seu ano", afirmou à AFP Tim Gray, editor sénior da Variety.

O site de previsões Gold Derby concorda. Não apenas com o vencedor do maior prémio da noite — melhor série dramática — pelo segundo ano consecutivo, como coloca a sua protagonista, Elisabeth Moss, revalidando o seu título de melhor atriz e em outras duas categorias.

"Game of Thrones" (HBO) não participou na última edição dos Emmy porque a sua sétima temporada estreou em julho de 2017, depois do encerramento do prazo de candidaturas para este prémio, considerado o Oscar da televisão.

A série de ficção sobre nobres famílias em disputa pelo controlo dos Sete Reinos chega à cerimónia com quatro estatuetas desta edição, incluindo as de melhor desenho de figurinos, efeitos especiais e música. Alguns especialistas concordam que não ganhará nas categorias de atuação, direção e roteiro.

Não obstante, "Game of Thrones" tem um passado brilhante: é a série de ficção mais premiada na história dos Emmy.

Disputam também o prémio de melhor drama a série de espiões durante a Guerra Fria "The Americans", a série sobre a monarquia britânica "The Crown", a jovem "Stranger Things", o drama familiar "This Is Us" e o western de ficção científica "Westworld".

Sem "Veep" na competição, "Atlanta" aparece como candidata para levar a estatueta de melhor comédia.

Os hispânicos com Versace

Nestes Emmy, a Netflix tentará tornar-se a produtora mais vencedora, após acabar com 17 anos de domínio da HBO na liderança de indicações.

A plataforma online fechou 112 indicações contra 108 do canal por assinatura. Contando com os prémios técnicos, a HBO está à frente (17 a 16) do serviço de streaming.

Os Emmy também deram as boas-vindas a vencedores do Oscar, como a atriz espanhola Penélope Cruz, com opções de vitória, e o compositor e cantor John Legend, que no fim de semana passado entrou na elite do EGOT — designação de quem tem pelo menos um Emmy (televisão), um Grammy (música), um Oscar (cinema) e um Tony (teatro) — pelo seu papel no musical da NBC "Jesus Christ Superstar Live in Concert", que ganhou cinco estatuetas.

Os coprodutores Andrew Lloyd Webber e Tim Rice também se uniram a este grupo.

Entre os indicados também estão Antonio Banderas, o venezuelano Edgar Ramírez, que junto com Cruz e o porto-riquenho Ricky Martin foram indicados pela segunda temporada de "American Crime Story", que gira em torno do assassinato do estilista Gianni Versace, e que já soma quatro prémios técnicos.

O venezuelano interpreta o estilista assassinado por Andrew Cunanan, vivido por Darren Criss, também indicado.

Na cerimónia anterior, realizada na semana passada, o famoso chef Anthony Bourdain, que se suicidou em junho em França, recebeu a título póstumo seis prémios pelo seu programa de gastronomia na CNN.

Entre as ausências mais notórias está "House of Cards", sacudida pelo escândalo de abuso sexual em Hollywood após várias denúncias contra a sua estrela, o dois vezes vencedor do Oscar Kevin Spacey, que foi demitido da série.

É provável que o movimento #MeToo, que completa quase um ano, tenha novamente protagonismo na festa, uma semana depois do poderoso presidente da CBS Les Moonves renunciar após acusações de má conduta sexual.

Trump talvez também seja mencionado, embora um dos anfitriões, Colin Jost, disse esperar uns Emmy "menos políticos do que o normal".