António Simão é o protagonista e encenador desta peça que interpretou, pela primeira vez, em 1997, e a que, de então para cá, regressa de dez em dez ou de sete em sete anos.

Porque é uma peça que lhe “diz muito”, além de se tratar de um texto que já faz parte de si, que é já “uma segunda natureza”, confessou o ator à agência Lusa no final de um ensaio de imprensa.

“Ainda posso [voltar ao texto], portanto não é mau sinal”, sustentou, sublinhando que se lembra de “quase todas as palavras e ideias do texto desde que o começou a fazer”.

Um texto “vivo” e que, para o ator, constitui também uma homenagem ao que se faz na escrita.

António Simão confessou ainda que sempre que volta a este texto, a partir do romance homónimo do escritor Bohrumil Hrabal, “é como se o criasse outra vez”.

“Como se criasse outra vez um ponto, um farol, um marco no meu trabalho, na minha profissão”, frisou, a propósito.

Um texto que trabalhou em 1997, em 2001, em 2010 ou 2011 e ao qual volta agora para “se situar onde está agora”.

Hanta é um velho solitário que há mais de 30 anos prensa livros reduzindo-os a resíduos apesar de, ao longo dos tempos, ter salvado alguns da guilhotina.

Hanta salvaguarda, assim, as palavras, guardando-as na memória ao mesmo tempo que vai bebendo cerveja.

“Uma solidão demasiado ruidosa” acaba por ser um monólogo barroco, que se passa num ambiente amarelado e cru da então Checoslováquia.

No Teatro da Politécnica, a peça vai estar em cena até dia 28, com espetáculos às terças e quartas, às 19:00, às quintas e sextas, às 21:00, e, aos sábados, às 16:00 e 21.00.

De 03 a 05 de abril será representada no Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada, de 21 a 23 e maio, estará nas Caldas das Rainha, e no dia 20 de maio, pode ser vista no auditório municipal António da Silva, no Cacém.