As iniciativas estão previstas no Plano de Ação para a "Villa" Romana de Pisões, que foi apresentado hoje em Beja e vai ser concretizado pela UÉ, a proprietária da herdade onde está o sítio arqueológico, classificado como Imóvel de Interesse Público.

Na cerimónia, a UÉ, com o objetivo de concretizar o plano, assinou um acordo com a Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCA) e a Câmara de Beja, as duas entidades que têm gerido a "villa" em parceria e através de protocolos.

Segundo a reitora da UÉ, Ana Costa Freitas, o plano prevê "valorizar" a "villa" com "múltiplas valências", uma das quais a criação do Campo Experimental para as Arqueociências e Ciências do Património da UÉ, que terá três eixos de ação: investigação e desenvolvimento, valorização patrimonial e divulgação e formação.

Cada eixo prevê "ações ambiciosas", para as quais é necessário financiamento, frisou a reitora, referindo que a UÉ já candidatou dois projetos, um dos quais já aprovado, e prevê candidatar outros.

O eixo de investigação e desenvolvimento vai permitir fazer investigação de campo em várias áreas e o de valorização patrimonial prevê a conservação e o restauro do complexo e da arte pública da "villa" e a valorização da envolvente.

O eixo de divulgação e formação prevê a criação de conteúdos para valorizar a "villa" dos pontos de vista turístico e patrimonial e a realização de atividades e formações para vários públicos.

Segundo Bento Caldeira, professor da UÉ e coordenador do grupo de trabalho que fez o plano, a prioridade é recuperar a "villa" do "estado de degradação em que se encontra" para poder ser visitável e abrir ao público.

A primeira fase prevê também a elaboração do projeto de arquitetura do novo Centro de Interpretação e Estudos da "villa", a criação do Campo de Ensaios Experimentais de Arqueologia e de Geofísica Aplicada e o início de atividades de investigação.

A segunda fase inclui a criação do Centro de Interpretação e Estudos, iniciativas e conteúdos para promover e divulgar a "villa" e a realização de atividades de campo e de formação em várias áreas.

A terceira fase prevê parcerias com universidades e centros de investigação internacionais e a consolidação da "villa" na oferta cultural e turística e a sua promoção como "destino turístico de referência na área da arqueologia".

Ocupada no período romano entre os séculos I a.C. e IV d.C., a "villa" romana de Pisões, descoberta em 1967, é considerada um "importante testemunho" da presença romana no concelho de Beja e "uma das mais originais ‘villae' romanas da Península Ibérica".

Segundo a diretora regional de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira, o plano "fecha um ciclo e abre outro melhor sobre a "villa" de Pisões, que é "um sítio arqueológico tão importante, mas tão pouco estudado".

Desde que foi descoberta, a "villa" de Pisões tem tido "uma história complexa e atribulada", devido à falta de regularização do regime de propriedade, que "só foi feita há poucos anos e em nome da UÉ", lembrou a responsável, acrescentando que a UÉ só recebeu a chave do portão que permite aceder ao recinto da "villa" em fevereiro de 2016.

Segundo o presidente da Câmara de Beja, João Rocha, a participação do município no acordo reflete um "apoio a sério" e insere-se na estratégia da autarquia de apostar na valorização do património.

"Existem hoje, como nunca, condições, seja ao nível da massa crítica, seja ao nível da articulação entre as entidades, que, neste contexto, têm responsabilidades, para que a ‘villa' romana de Pisões atinja todo o seu potencial, honrando assim a nossa história e a nossa memória coletiva", rematou a reitora da UÉ.