"O vento que iria dar-nos uma oportunidade de intervenção de 4 horas — soprando no sentido este/oeste — para estabelecer um esforço de combate em todo o flanco esquerdo do incêndio acabou por não dar os resultados que esperávamos", começou por explicar o Comandante Operacional de Agrupamento Distrital do Centro Sul (CADIS), Luís Belo Costa.

Antes, deu conta de que foi montada uma estratégia com "respeito pela meteorologia" que se iria fazer ao longo do dia. Luís Belo Costa salienta que se trata "de um terreno especialmente difícil" do ponto de vista da sua orografia, mas que foi por "muito pouco" que não foi possível que a estratégia resultasse como se pretendia.

Assim, explicou que o combate só não resultou "no flanco esquerdo do incêndio" nomeadamente num só setor — o flanco em questão tem dois, o Alpha e o Bravo. Este último, foi aquele onde os profissionais não conseguiram conter o fogo no âmbito da estratégia delineada.

"Estivemos quase a atingir esse objetivo, mas uma linha de água cavada acabou por não nos permitir — com os meios aéreos, as máquinas de arrasto e com o esforço de grupos de reforço e equipas terrestres —resolver aquilo a que nos propúnhamos", afirmou.

No entanto, sublinhou que o setor Alpha, mais a norte do incêndio e virado para Oleiros, está dominado. Por seu turno, o setor Bravo, mais virado para Castelo Branco, entre Cabeço da Rainha e Vale da Lousa, está ainda ativo. Contudo, foi feita uma manobra "de fogo" que está "a resultar". Espera-se nas próximas horas que uma mudança no sentido do vento possa ajudar os bombeiros no combate às chamas.

Três aldeias em risco 

Depois aferiu que este incêndio já provocou sete feridos: cinco ligeiros, um dos quais civil, sendo os restantes bombeiros, dos quais dois encontram-se em estado grave. Há ainda a registar uma vítima mortal e três assistidos no local. "Ao longo do dia não se registou um aumento significativo deste registo", aferiu Luís Belo Costa.

O comandante enfatizou que o incêndio ocorre numa região onde existem muitas aldeias e habitações — daí ter existido a necessidade de evacuação de algumas pessoas. "Temos deslocado pessoas por uma questão de segurança para não permite que haja escalada emocional negativa", disse.

Porém, indicou que três aldeias do concelho de Oleiros estão em "risco efetivo" por causa do incêndio que lavra deste sábado e que já se estendeu aos concelhos de Proença-a-Nova e Sertã.

"Temos três aldeias, Vale da Lousa, Pedintal e Vale da Cuba [Oleiros] que têm estado em observação muito apertada da GNR e do Serviço Municipal de proteção Civil. O risco é efetivo mas, com a concentração de meios projetado para a defesa destas aldeias, o risco é menor", afirmou o Comandante Operacional de Agrupamento Distrital do Centro Sul (CADIS), Luís Belo Costa.

Reforços 

Neste momento estão no terreno a combater as chamas 854 operacionais, apoiados por 264 viaturas e 14 meios aéreos.

"É um empenhamento musculado. Ainda estamos à espera da chegada de mais três grupos de reforços, o que implica mais uma centena de operacionais", explicou. Adiantou também que existem alguns danos em edificações mas que ainda não há nenhum levantamento feito da sua tipologia e da sua importância.

"Ainda é cedo. O objetivo é dominar o incêndio em primeiro lugar", frisou Belo Costa, que realçou que a estratégia delineada durante a manhã para este incêndio assentava no respeito pela meteorologia ao longo do dia.

"O vento que iria dar uma oportunidade de intervenção de cerca de quatro horas, para o esforço de combate, acabou por não dar os resultados, uma vez que quatro horas é muito pouco num terreno especialmente difícil", disse Luís Belo Costa.