Savin deixou o seu barril na passada sexta-feira depois de 128 dias e 5.800 quilómetros no mar, tendo embarcado num petroleiro que o levou à ilha holandesa de Santo Eustáquio, nas Caraíbas. Após esta pausa, o aventureiro e o seu barril foram levados para a ilha da Martinica por um rebocador francês, totalizando a jornada em 134 dias.

No porto deste território insular francês, o ex-paraquedista militar de 72 anos foi recebido pela sua mulher, Josyane, e também por vários amigos. "É o Jean-Jacques Savin que conheço há 40 anos. Um homem extremamente resistente, muito bem treinado. Francamente, não está muito magro", disse Pierre Galzot, médico de profissão, que "recomendou" ao seu amigo que fosse ao hospital para um "checkup completo".

Savin diz assim ter cumprido a sua aposta de atravessar o oceano, depois de entrar no Mar das Caraíbas em 27 de abril, tendo como objetivo provar que um homem podia sobreviver à viagem.

Durante a viagem, o aventureiro perdeu 4 quilos, um por mês. A bordo da sua cápsula semelhante a um barril, feita de contraplacado revestido de resina e a medir 3 metros de comprimento e 2,10 m de altura, Savin teve de viver num espaço de 6 metros quadrados.

Para se alimentar, Savin recorreu à pesca e para beber água utilizou uma máquina manual para tornar a água do mar potável. No entanto, o aventureiro decidiu conceder-se alguns luxos, tendo levado também uma garrafa de vinho branco Sauternes e foie gras para celebrar o ano novo, assim como uma garrafa de vinho tinto Saint-Émilion para festejar o seu aniversário, em janeiro.

O aventureiro partiu no dia 26 de dezembro da ilha espanhola de El Hierro nas Canárias para cruzar o Oceano Atlântico, tendo como única força de propulsão as correntes oceânicas. De acordo com a revista Popular Mechanics, a sua viagem foi relativamente amena, tendo Savin confessado que apenas oito das noites foram complicadas, incluindo uma ocasião em que o mar revolto o obrigou a tentar navegar a embarcação.

Savin raramente viu outros humanos durante a viagem, sendo a grande exceção a ocasião em que foi abordado por um navio da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA. De resto, o navegador manteve uma página de Facebook e um website, criados especialmente para esta ocasião, atualizados, recorrendo a energia solar para recarregar os seus aparelhos.

A viagem teve como inspiração Alain Bombard, navegador francês que cruzou o Atlântico sozinho em 1952 num bote de borracha, sobrevivendo à base de plâncton, água do mar e peixe cru. Savin, admirador confesso do seu conterrâneo, decidiu seguir-lhes as pisadas depois de ler o seu livro sobre a viagem, "Naufragé Volontaire" ("Náufrago Voluntário).

Savin planeia agora voltar para França, mas de avião, querendo submeter-se a análises para estudar os efeitos do isolamento em espaços confinados.

*com agências