“Apesar dos constrangimentos institucionais, os arqueólogos continuam a defender o património arqueológico, a fazerem intervenções, sobretudo relacionadas com grandes obras públicas e privadas, mas também a produzir resultados de investigação científica”, disse à Lusa José Morais Arnaud, presidente da AAP.

Este é o segundo congresso da AAP, e realiza-se em três espaços da capital: no Museu Arqueológico do Carmo, e nas faculdades de Letras da Universidade de Lisboa e na de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova.

O congresso termina com um passeio, no domingo, intitulado “Entre o Ribatejo e a Estremadura. Povoados fortificados pré-históricos… sem esquecer o antes e o depois”.

O passeio inclui visitas ao Povoado de Vila Nova de S. Pedro, em Azambuja, ao Convento da Senhora das Neves e à Fábrica do Gelo, no Alto de Montejunto, ao Castro de Pragança, ao Museu do Bombarral, ao Castro do Zambujal e ao Castro e Grutas da Columbeira do Alto do Picoto.

Durante o congresso serão apresentadas 150 comunicações, por cerca de 400 arqueólogos, disse Morais Arnaud à Lusa.

O presidente AAP afirmou que “a comunidade arqueológica continua bastante ativa, apesar de haver um enfraquecimento das estruturas por parte da tutela”, o Ministério da Cultura.

O responsável lamentou “todos os constrangimentos financeiros e problemas de enquadramento institucional do setor da arqueologia”.

Um enquadramento “que está reduzido à expressão mais simples, mesmo ao mínimo dos mínimos, depois de ter tido um Instituto de Arqueologia com várias valências e vários serviços, agora praticamente, tudo isto está integrado numa divisão, que nem sequer é específica para a arqueologia, dentro de uma direção-geral muito mais abrangente”.

Apesar deste “enfraquecimento”, mais de 400 arqueólogos reúnem-se a partir de hoje em congresso para debater diferentes comunicações científicas, que abordam investigações que vão da época pré-histórica a um balanço de 19 anos de arqueologia urbana, no Machico, na ilha da Madeira, ou ao período do al-andaluz.

Para o presidente da AAP, “os problemas específicos da arqueologia são de tal ordem que justificam plenamente a recriação de um organismo especializado para esta área do património”.

“A arqueologia tem problemas específicos, e tem problemáticas diferentes das outras áreas, como os museus, apesar de se cruzarem, mais os monumentos, atualmente abrangidas atual Direção-Geral do Património Cultural”, disse.

O II Congresso da AAP abre hoje pelas 17:30, no Museu Arqueológico do Carmo, com uma conferência por João Zilhão, “Neandertal”, seguindo-se a apresentação da revista Arqueologia e História 66-67.

O I Congresso da AAP realizou-se também em Lisboa, em 2013, quando a associação celebrou os seus 150 anos. O resultado deste I Congresso está sintetizado na edição “Arqueologia em Portugal 150 anos”, com mais de 1.500 páginas, atualmente, esgotada.