O número de novas infeções pelo novo SARS-CoV-2 está a subir desde o início de novembro e começa a preocupar. Parece ser cada vez mais certo que Portugal pode estar a entrar na referida 5.ª vaga.

Segundo o relatório semanal da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), a manter-se esta taxa de crescimento a nível nacional, “estima-se que o limiar de 240 casos em 14 dias por 100 mil habitantes possa ser ultrapassado em 15 a 30 dias”.

“O agravamento da situação epidemiológica na Europa e o aumento da intensidade epidémica em Portugal deve condicionar um aumento do nível de alerta do sistema de saúde para aumentos de procura de cuidados de saúde no próximo mês”, referia ainda o documento.

E nos hospitais já se começa a sentir a pressão: além do frio, da gripe e outras doenças respiratórias que levam cada vez mais pessoas a procurar ajuda médica, começa também a verificar-se um aumento de doentes com covid-19 a precisarem de internamento. Só de sábado para domingo verificaram-se mais 41 internamentos em enfermaria e mais seis em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).

Uma subida nos casos era, porém, esperada, já que se previa que o levantamento das restrições se refletisse nos números e já há alguns especialistas que defendem um aumento das medidas de proteção.

O total dos internamentos registados é o mais alto desde 20 de setembro e Portugal não tinha um número de mortes por covid-19 igual ao de hoje (15) desde 26 de agosto. Os internados têm vindo a aumentar ao longo da última semana, já que o dia 6 de novembro (um sábado) foi o último a registar uma diminuição das pessoas que deram entrada nos hospitais.

Quanto aos internamentos em UCI, já não registava um número tão alto (75 internados à data de hoje) desde 27 de setembro, data em que estavam 79 pessoas nestas unidades.

Por forma a tentar reforçar a proteção contra a covid-19 em idosos, o processo de vacinação da terceira dose deverá acelerar nos próximos dias com o funcionamento diário dos centros de vacinação. Este fim de semana também já teve inicio a Casa Aberta para pessoas com mais de 80 anos, que deixaram assim de precisar de marcação. Amanhã arranca ainda o reforço da vacinação dos profissionais de saúde.

A preocupação com uma nova vaga está a aumentar por toda a Europa, depois do registo do maior aumento semanal de casos desde o início da pandemia. Por isso mesmo, durante três semanas os Países Baixos vão estar em confinamento parcial e, para conter a propagação, bares e restaurantes voltam a encerrar mais cedo. Os eventos desportivos também vão deixar de ter público, mas as escolas continuarão abertas. A urgência agora é aliviar a pressão dos hospitais, quando cerca de 85% da população adulta holandesa já foi totalmente vacinada.

Já na Alemanha foi atingido um novo pico de infeções, com mais de 33 mil casos num dia. Assim, com 289 casos por 100.000 pessoas, a taxa de contágios atingiu hoje um novo recorde no país mais populoso da Europa, segundo o Instituto de Saúde Robert Koch.

A possibilidade de uma nova vaga está a preocupar as autoridades e há responsáveis políticos que admitem que esta “vai causar mais mortes do que alguma vez” aconteceu ao longo da pandemia.

A chanceler Ângela Merkel apelou assim no sábado a um “esforço nacional” para combater a covid-19, através da vacinação, numa altura em que a Alemanha regista uma taxa de cidadãos com vacinação total de apenas 67,5%.

Perante o novo pico de casos, o país está a preparar o regresso ao teletrabalho, segundo um projeto de lei do Governo para deter uma nova vaga. De acordo com projeto de lei, os empregadores alemães serão obrigados a oferecer a possibilidade de teletrabalho, exceto quando exista uma “razão imperiosa” de ir ao local de trabalho e todas as pessoas que se desloquem aos locais de trabalho serão “convidadas a provar que estão vacinadas ou a apresentar um teste negativo”.

O Governo alemão está ainda a ponderar limitar o acesso a certos eventos apenas a pessoas vacinadas ou que recuperaram da doença, segundo avançam media alemães. Este projeto de lei deverá ser apresentado no parlamento alemão para aprovação na quinta-feira.

A Áustria, por exemplo, vai colocar em confinamento milhões de pessoas não vacinadas. O início do confinamento está marcado para esta meia-noite, com o objetivo de abrandar a propagação do novo coronavírus no país. Esta medida proíbe os não vacinados maiores de 12 anos de saírem de casa, exceto para trabalhar, fazer compras, dar um passeio ou para serem vacinados.

Com as unidades de cuidados intensivos numa situação crítica e com uma das taxas de vacinação mais baixas da Europa central, as autoridades austríacas receiam que o pessoal hospitalar já não seja capaz de lidar com o aumento de doentes.

Por cá, a ministra da Saúde, Marta Temido, também já admitiu que “todos os cenários” estão em aberto, em relação à quinta vaga da pandemia de covid-19, apelando à toma da terceira dose da vacina para os maiores de 65 anos.

“Os cenários têm de estar todos em aberto. Não o desejamos. Desejamos que não tenhamos de ter essa conversa [novos confinamentos], desejamos que numa próxima reunião de peritos possamos ter informação que evidencie que estamos a conseguir controlar a situação”, afirmou.

Existem ainda várias medidas que podem ajudar no controlo da situação e que estão nas nossas mãos, como as medidas de prevenção não farmacológicas, como o distanciamento social, o uso de máscara e a higienização das mãos e Marta Temido apelou ao seu cumprimento e à “vacinação da população elegível, o quanto antes, de forma a estarmos o mais protegidos possível”.