Uma multidão com bandeiras palestinianas e cartazes reuniu-se perto do Capitólio, onde ocorreram confrontos com a polícia, que lançou gás pimenta para dispersar o protesto que pedia um cessar-fogo em Gaza após nove meses de guerra e a detenção de Netanyahu, sobre quem pesa uma ordem de prisão do Tribunal Penal Internacional.

Vários dos manifestantes lavavam os olhos e o rosto após o confronto. "Estamos horrorizados com a destruição do sistema de saúde em Gaza", contou à AFP o doutor Karameh Kuemmerle.

Alguns cartazes citavam versículos da Bíblia, como "procure a paz e siga-a", e outros simulavam avisos de recompensa com fotos de Netanyahu, pedindo a sua prisão por ser um "criminoso de guerra".

Mais tarde, a polícia prendeu vários manifestantes que derrubaram três bandeiras americanas e atearam-lhes fogo em frente à Union Station, um centro de transportes próximo ao Capitólio.

Uma escultura com o rosto de Netanyahu foi queimada junto à bandeira americana e substituída pela bandeira palestiniana vermelha, preta e verde. Houve várias explosões fortes de origem desconhecida.

Dentro do Capitólio, Netanyahu pediu ao Congresso apoio contínuo por parte dos Estados Unidos na prolongada guerra desencadeada pelos ataques do movimento islamista Hamas em 7 de outubro.

"Para que as forças da civilização triunfem, Estados Unidos e Israel devem permanecer unidos", disse Netanyahu, que foi aplaudido em várias ocasiões pelos legisladores presentes.

Os manifestantes rejeitavam o apoio de Washington à guerra. "A hipocrisia dos nossos políticos hoje superou todos os limites", disse à AFP Mo, um manifestante de 58 anos.

Num momento, o primeiro-ministro israelita foi vaiado pelos legisladores no recinto quando se referiu aos manifestantes do lado de fora como "idiotas úteis do Irão", acusando o país de financiá-los e de fornecer armas e apoio ao Hamas.

As relações entre os Estados Unidos e o seu aliado Israel têm ficado cada vez mais tensas à medida que as mortes de civis aumentam na Faixa de Gaza, o que aumentou as críticas da administração de Joe Biden contra a ofensiva militar israelita.

Organizadores da manifestação, entre palestinianos e judeus, subiram ao palco e denunciaram os Estados Unidos e o governo de Israel por "genocídio", pedindo uma "prisão cidadã" de Netanyahu.

"Parem a ajuda dos Estados Unidos a Israel", disse à AFP Yudyth Hernández, manifestante de 24 anos. Esse dinheiro seria melhor se "financiasse as nossas escolas", acrescentou.

Israel intensificou nas últimas semanas os seus ataques contra a Faixa de Gaza, e Netanyahu insiste que, se aumentar a pressão militar, poderá libertar os reféns e derrotar o Hamas.

Em 7 de outubro, comandos islamistas do Hamas mataram 1.197 pessoas, em sua maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo uma contagem da AFP com base em dados oficiais israelitas.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que já matou mais de 39 mil pessoas em Gaza, também em sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestiniano.