Em todos os casos, os cerca de vinte ativistas tiveram que ficar à porta, apesar de terem tentado entrar numa dependência do Santander no Marquês de Pombal e de terem tocado à porta da sede do BBVA na avenida da Liberdade.

O guia do chamado "Passeio Tóxico", Sinan Eden, disse à agência Lusa que "a indústria financeira faz parte desta crise climática" pelos investimentos nos combustíveis fósseis que fez desde a assinatura do Acordo de Paris para limitar o aquecimento global e conter as alterações climáticas.

No caso do BBVA, Sinan Eden afirmou que o grupo "financiou e continua a financiar" um oleoduto construído "sem consentimento" em terras de povos indígenas da América do Norte e aplicou "15 mil milhões de dólares" em exploração de combustíveis fósseis.

Sinan Eden guiou os ativistas para dentro da agência do Santander, mas foram logo convidados a sair por um dos funcionários. No BBVA, os ativistas tocaram à campainha, mas acabaram por ficar à porta.

Uma representante do BBVA ouviu os argumentos e respondeu que a instituição já investiu uma quantia superior em projetos ambientalmente sustentáveis e reiterou diversas vezes o compromisso do banco nesse sentido.

Em declarações à Lusa, outro ativista da Climáximo, Gonçalo Paulo, reforçou que existe dinheiro para investir "1,9 biliões de dólares em combustíveis fósseis em vez da transição energética".

"Estão a investi-lo no sítio errado. É por isso que é importante redirecionar as forças económicas para uma transição justa", defendeu.

Quanto aos clientes dos bancos, "é muito difícil ter uma relação saudável com bancos que não poluam indiretamente", reconheceu.

"Existe sempre a possibilidade de controlar as nossas relações com os bancos. Há campanhas em que as pessoas só investem em bancos que já anunciaram algumas alterações. Poucos bancos fizeram anúncios suficientemente fortes e continuam cúmplices neste jogo", criticou.

Gonçalo Paulo frisou que a iniciativa e os alertas da Climáximo sobre a ligação do sistema financeiro às indústrias poluentes visam levar os cidadãos a "exigirem respostas mais fortes aos seus governos, a informarem-se mais e perceberem que existem organizações que tentam trazer reconhecimento a estes problemas, a que se podem juntar para exigir mudanças verdadeiras".

O passeio inclui-se numa iniciativa internacional em que participa a Climáximo e congéneres chamada "Fracasso Económico Mundial" para ilustrar o papel da finança no agravamento da situação climática mundial.