A 122 dias do início dos Jogos Olímpicos de Paris2024, a segurança do evento olímpico será a questão primordial com que França, a organização e os países participantes terão de lidar na capital francesa, e no país, de 26 de julho a 11 de agosto.
O executivo francês elevou o plano Vigipirate para o seu nível máximo, “emergência de atentado” e a questão ganha atualidade a quatro meses das olimpíadas.
No mês passado, à margem da cerimónia de assinatura do protocolo entre o COP e a TAP, em conversa com o SAPO24, José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), abordou o tema da segurança e mostrou inquietação com “os jogos". Mais concretamente, quanto à "segurança dos próprios jogos, as condições em que se vão realizar e as questões da mobilidade em Paris” durante os Jogos Olímpicos e os efeitos que podem provocar no evento e na preparação dos atletas.
“A situação de conflitos do mundo e as consequências que possa ainda vir a ter do ponto de vista da participação de alguns países nos Jogos Olímpicos e, sobretudo, da participação de atletas com origem russa e bielorrussa” foi outro dos desassossegos expressos por José Manuel Constantino.
Em relação à participação de atletas da Rússia e Bielorrússia, concretizou. “Estão fora numas modalidades, mas não estão noutras se participarem sob bandeira neutra”, relembrou. “Há aqui uma situação que não é uniforme para todas as modalidades, porque as federações desportivas internacionais não tratam o mesmo problema de forma equivalente”, apontou.
Questionado sobre o desfecho previsível da questão, respondeu, sem certezas. “Não tenho a noção da dimensão que este problema vai ter em participação nos Jogos e se vai ter algum tipo de consequência de participação da Ucrânia e dos países alinhados com a Ucrânia. Não é um assunto encerrado e isso preocupa-me”, atestou.
A ausência de uniformidade dos pedidos de naturalizações de atletas
Ato contínuo, a naturalização de atletas entra em campo. “É uma área de decisão política que, com fraqueza, não sei quais os critérios e quais as prioridades”, confessou.
“Há casos rápidos, outros demoram mais tempo”, alertou. “Não tenho informação privilegiada sobre essa matéria, mas sei que há uma série de pedidos de naturalização de atletas com vista à participação nos Jogos. No entanto, se não for resolvido nos próximos tempos, dificilmente vejo concretizável a [sua] participação nos Jogos Olímpicos”, avisou.
Para Paris2024, a naturalização é um tema caro a Portugal e está personificado na vontade da velejadora grega Vasileia Karachaliou em competir pela missão portuguesa e erguer a bandeiras das Quinas após ter garantido a quota olímpica para Portugal em ILCA 6.
“Mesmo que venha a obter nacionalidade portuguesa necessita de duas autorizações: da federação grega de vela e do comité grego”, relembrou Constantino.
“Não passou ainda o tempo que o Comité Olímpico Internacional estabelece para que um atleta possa representar mais do que um país. O Comité Olímpico Internacional tem a última palavra e dificilmente aceitará um reconhecimento de naturalização para a participação desportiva que não tenha o aval da federação e a esta já disse que não dá esse aval, nem o comité grego".
Face aos sucessivos entraves, José Manuel Constantino mostrou-se conformado. “Não estou a ver mesmo que a velejadora adquira a nacionalidade portuguesa e haja condições para preencher todos os requisitos que são necessários para que depois de ter representado a Grécia nos Jogos de Atenas, possa representar Portugal”, sintetizou.
“Número de atletas apurados está dentro daquilo que era expetável”
As qualificações de desportistas nacionais para os Jogos Olímpicos sucedem-se a conta-gotas. “O número de atletas apurados está dentro daquilo que era expetável”, declarou José Manuel Constantino. “À exceção do futebol, tudo o mais tem decorrido dentro daquilo que são as nossas expectativas”, afirmou.
Embalou e ressalvou. “Tenho de chamar a atenção que há muitas modalidades cujos apuramentos são muito tardios, designadamente aquelas cuja representação da nossa parte é mais significativa, o atletismo, logo só vamos ter uma noção mais exata da composição da nossa missão lá mais para a frente”, avisou o presidente do COP.
Pese embora o percalço da modalidade coletiva (igualmente sentido com a não qualificação do andebol sucedida depois da conversa com o SAPO24), fez um balanço dentro dos parâmetros estabelecidos. “Estamos a aguardar que a nossa avaliação não fuja muito daquilo que virá a ser a confirmação das vagas que conseguiremos alcançar para participar nos JO Paris 2024”, detalhou.
Pichardo tem de resolver problemas de saúde e administrativos
Entre os putativos atletas a marcar presença nos JO Paris2024, a indefinição relativamente a um, Pedro Pichardo, medalha de ouro no triplo salto em Tóquio2020, está a deixar o presidente do COP inquieto.
O atleta não compete desde maio de 2023 e está em divergência com o Benfica, clube ao qual ainda está ligado contratualmente. “É publico que não há entendimento entre ele e o clube que representou até à data. Não há entendimento face as informações que são disponíveis e não tenho mais informação nenhuma”, ressalvou, na altura.
“Pichardo já disse que a vontade é voltar a ser campeão olímpico e participar nos Jogos”, acrescentou. “Para tal, tem de resolver os problemas de saúde que tem e os problemas administrativos que ainda não resolveu, que passam por filiar-se na Federação Portuguesa de Atletismo. E essa segunda parte depende da vontade exclusiva do Pedro. A outra, depende da evolução da sua própria condição física”, rematou José Manuel Constantino.
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