"Há um único liceu, que lutando contra toda a gente e porque tem um diretor que gosta da língua portuguesa, que ensina português e outros liceus deram-nos como resposta que não iam ter português porque ia baixar o nível dessas escolas, portanto preferiam ter chinês", denunciou Tito Livio, presidente da associação cultural e de língua portuguesa Casa Amadis, em declarações à agência Lusa.
A Casa Amadis acaba por ser o único recurso dos jovens em Montpellier que querem aprender português desde o primeiro ano da escola primária, com uma professora do instituto Camões que se desloca à região para ensinar quatro turmas em Montpellier e arredores.
A recusa do ensino de português, apesar de a Casa Amadis garantir que há procura, veio do reitorado de Montpellier, que integra a academia da região, órgão máximo regional que coordena o ensino escolar e universitário no território francês.
"A nossa cônsul honorária fez todo o trabalho com a comunidade para que houvesse divulgação da língua portuguesa nas escolas primárias, no ensino básico e no ensino secundário em Montpellier e houve uma recusa formal e absoluta por parte da reitora de Montpellier", acusou Tito Livio.
De forma a combater a recusa das autoridades francesas e tendo já havido mesmo intervenção da Coordenação de Ensino Português em França, a Casa Amadis quer agora oferecer aulas de teatro em português dos 05 aos 17 anos de forma a estimular a aprendizagem da língua.
"Queremos tornar atrativo o português, para mostrar que não é uma língua desprezível ou que não tem ligação a uma cultura", declarou.
Segundo este dirigente associativo, na região vivem cerca de 5 mil portugueses, havendo também a segunda maior comunidade de brasileiros em França e muitos cabo-verdianos. As quatro turmas da Casa Amadis têm atualmente 50 alunos, havendo também franceses interessados em aprender português.
O interesse continua no ensino superior, já que várias universidades, entre elas a Universidade de Arquitetura de Montpellier, têm protocolos de Erasmus com universidade portuguesas.
"Há pedidos a nível universitário porque a Faculdade de Arquitetura de Montepellier tem acordos com as universidades portuguesas e sou eu a avaliá-los, mas eu não posso dar um nível B1 a alguém que fala espanhol", explicou Tito Lívio, que é também professor de português.
O projeto das aulas de teatro da Casa Amadis foi nomeado entre outras associações portuguesas para os prémios da Gala da associação Cap Magellan e mesmo não tendo ganhado, recebeu um cheque de 500 euros que deve assegurar o lançamento do projeto.
As aulas de teatro são asseguradas pela atriz Monica Lages da Cunha e são grátis, tal como as aulas de português já ministradas na instituição.
Comentários