Ouvida pelo grupo de trabalho do parlamento açoriano que acompanha os trabalhos de recuperação do furacão Lorenzo (criado por proposta conjunta do CDS-PP e do PS), Ana Cunha adiantou que o navio fretado pelo Governo Regional para garantir o abastecimento ao grupo Ocidental, depois da destruição total do porto das Lajes das Flores, está “neste momento na sua renovação automática”, sendo que irá continuar a operar pelo menos nos próximos três meses na região.

“O que se pretende é que todos os operadores da ilha das Flores tenham o mesmo preço de frete que tinham anteriormente e não sejam de forma alguma prejudicados por esta situação”, afirmou a governante.

Também presente na audição, o presidente da Portos dos Açores, Miguel Costa, adiantou que a empreitada de 19 milhões de euros de proteção do porto, que já tinha sido adjudicada, já arrancou.

Quanto ao projeto de reconstrução, “está em fase de conclusão o primeiro estudo prévio” e deve “ficar concluído, o mais tardar, no início do segundo semestre deste ano”.

Bruno Belo, deputado do PSD, questionou o responsável pelos portos sobre se as medidas de prevenção tomadas antes da chegada do furacão, em outubro, teriam sido suficientes.

O presidente da Portos dos Açores sublinhou que foi feito tudo o que era possível e que “ninguém tinha noção de que o que aconteceu poderia sequer acontecer, que é a destruição total de um porto”.

“Blocos do muro cortina com cerca de 300 e 400 toneladas foram deslocados para o meio da bacia. Julgo que está aí espelhada a dimensão da catástrofe”, apontou Miguel Costa.

A audição desta manhã foi também marcada pela intervenção do deputado monárquico Paulo Estêvão, que reiterou a necessidade de se encontrar uma embarcação que garanta um abastecimento regular à ilha do Corvo.

O parlamentar voltou a insistir na questão do racionamento de combustível no Corvo, para a qual alertou em 28 de abril, e que o executivo regional negou.

“Eu não gosto de passar por mentiroso e que as informações que veiculo nesta matéria sejam desmentidas pelo governo, quando é um facto que estava a haver racionamento”, afirmou.

A secretária regional reafirmou que “o Governo Regional dos Açores não decretou nenhum racionamento de combustíveis em qualquer ilha dos Açores” e que, “se o tivesse feito, seria feito nos mesmos moldes em que o fez na ilha das Flores, aquando da passagem do furacão Lorenzo”, decretando-o formalmente.

“O que se passou foi o seguinte: o posto [de abastecimento] do Corvo, nessa semana, terá tido um consumo esporádico e anormal de cerca de 500 litros de gasóleo no espaço de 24 horas, sendo certo que dispunha ainda de 300 litros nos depósitos, que não conseguia bombear, por falha do equipamento. Nesse sentido, o Fundo Regional de Coesão dirigiu para esse posto alguma parte da sua reserva. Ou seja, qualquer racionamento que possa ter existido não foi decretado nem validado pelo Governo dos Açores e, a sê-lo, teria sido feito pelos moldes legais”, explicou a governante.

O furacão Lorenzo, que passou pelos Açores na madrugada de 01 para 02 de outubro de 2019, afetando maioritariamente os grupos Central e Ocidental. Provocou 255 ocorrências, que obrigaram ao realojamento de 53 pessoas.

O executivo regional estimou um total de cerca de 330 milhões de euros de prejuízos com a passagem do furacão, sendo 85% deste valor assumido pelo Governo nacional.