De acordo com uma investigação do DN sobre um artigo num livro internacional, sobre assédio sexual na academia, este acusa dois dos membros do Centro de Estudos Sociais de Coimbra de usarem o seu poder sobre jovens estudantes e investigadoras para "extractivismo sexual".
O Sexual Misconduct in Academia - Informing an Ethics of Care in the University (tradução em português: "Má conduta sexual na Academia - Para uma Ética de Cuidado na Universidade") foi disponibilizado de forma online e tem 12 capítulos. No último capítulo, intitulado As paredes falaram quando ninguém se atrevia/ Notas autoetnográficas sobre uso do poder sexual como controlo de acesso na academia avant-garde, de acordo com o DN, pois tudo no livro é anónimo, é identificado, através do cruzamento do percurso das três autoras, o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
As personagens lá identificadas,"o professor estrela" e o "aprendiz", de acordo com o DN, são fáceis de identificar: o sociólogo Boaventura Sousa Santos, diretor emérito do CES, e o antropólogo Bruno Sena Martins, investigador do quadro da instituição.
Nesta terça-feira, o CES emitiu um comunicado na sua página digital , onde confirma a abertura de uma investigação afirmando que "o CES irá constituir num curto prazo uma comissão independente à qual caberá a identificação de eventuais falhas institucionais e a averiguação da ocorrência das eventuais condutas anti-éticas referidas naquele capítulo. A comissão será composta por dois elementos externos, um dos quais lhe presidirá, e pela Provedora do CES. Os membros externos a convidar terão competências reconhecidas no tratamento de processo análogos".
Não sendo temporalmente definidas, as acusações efetuadas no artigo em causa foram identificadas pelo DN como dizendo respeito a situações ocorridas entre 2011 e 2018/2019.
As autoras do artigo, a belga Lieselotte Viaene, a portuguesa Catarina Laranjeiro e a norte-americana Myie Nadya Tom, que estiveram no CES como, respetivamente, investigadora de pós-doutoramento (com uma bolsa Marie Curie) e estudantes de doutoramento, e que estão agora noutras instituições universitárias - Viaene é professora na Universidade Carlos III, em Madrid, Laranjeiro está como investigadora no Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova e Tom é professora na Universidade de Nebraska, em Omaha, EUA - foram contactadas pelo jornal mas declinaram, até ao momento, qualquer comentário.
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