Se o regresso dos talibãs ao poder constituiu uma derrota para todo o campo ocidental, foi particularmente devastador para Londres, que liderou o apoio aos Estados Unidos quando o regime dos fundamentalistas islâmicos foi derrubado há 20 anos, refere a agência France-Presse.
Dominic Raab, que continuou de férias em Creta enquanto Cabul caía nas mãos dos talibãs, foi particularmente visado nas críticas.
Interrogado na Comissão dos Negócios Estrangeiros, quis provar o seu envolvimento anunciando que iria “para a região” imediatamente após a sua audição.
O Governo considerava “improvável” que Cabul caísse em 2021 e iniciou os preparativos para a eventual retirada de pessoas em junho, disse o ministro.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, renovou a sua confiança em Raab, mas a imprensa questiona a sua continuação no cargo, sobretudo porque pareceu atribuir alguns erros ao exército.
Os serviços dos Negócios Estrangeiros foram acusados, entre outros, de amadorismo, quando a imprensa revelou que documentos identificando colaboradores afegãos tinham sido deixados no chão da evacuada embaixada em Cabul ou ainda que milhares de mensagens de correio eletrónico sobre a operação de retirada não foram lidas.
O Reino Unido retirou mais de 15.000 pessoas do Afeganistão, mas falhou, como admitiu, ao não conseguir fazer sair do país centenas de afegãos elegíveis pelo seu sistema de acolhimento. Até 1.100 pessoas, segundo o ministro da Defesa, Ben Wallace.
Para assegurar a “livre passagem” dos seus nacionais e aliados, o Reino Unido anunciou ter enviado a Doha o representante especial britânico para a transição no Afeganistão, Simon Gass, para negociar com os talibãs.
Para Lisa Nandy, deputada dos Trabalhistas, o principal partido da oposição, o rápido regresso ao poder dos talibãs e a apressada operação de evacuação de Cabul foi “o maior fracasso da política externa numa geração”.
“O ministro dos Negócios Estrangeiros teve 18 meses para se preparar, mas faltou à chamada”, denunciou. “O Reino Unido ficou mais fraco perante o mundo e enfrenta maiores riscos ao nível do terrorismo”, adiantou.
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