No início do julgamento, no Tribunal de Guimarães, aquele arguido, Armindo Castro, admitiu que havia desavenças familiares relacionadas com heranças, mas afirmou que nada tem a ver com o homicídio da tia.

Armindo Castro já tinha sido julgado no Tribunal de Famalicão por este homicídio e condenado a 20 anos de prisão, uma pena que a Relação entretanto baixaria para 12 anos.

A condenação assentou, essencialmente, na reconstituição que, quando foi detido, aceitou fazer perante a Polícia Judiciária (PJ), assumindo a autoria do crime.

Hoje, o arguido alegou que aceitou fazer essa reconstituição por se sentir "ameaçado" pela PJ e por temer que a mãe, também presente nas instalações da Judiciária do Porto, ficasse detida.

Disse ainda que, ao longo da filmagem da reconstituição, a PJ lhe foi dando "sugestões", a que anuiu por "um misto de estupidez, pânico e medo".

Um crime, duas confissões

Armindo esteve preso durante dois anos e meio mas em dezembro de 2014 foi libertado, depois de um outro homem ter ido à GNR de Guimarães assumir a autoria do crime, em conjunto com a sua mulher.

Desta confissão resultou uma segunda acusação, que imputa o crime àquele casal.

Este casal é igualmente arguido no processo que hoje começou a ser julgado e vai ser ouvido durante a tarde.

A procuradora do Ministério Público destacada para este julgamento admitiu que este é um processo com "caráter singular e único", por ter duas acusações distintas com arguidos distintos.

"As duas acusações podem parecer antagónicas, mas podem complementar-se", sublinhou a magistrada.

A segunda acusação aponta o roubo como móbil do crime, já que o casal, que morava no mesmo prédio da vítima, passaria por dificuldades financeiras.

A mulher recebia 300 euros de rendimento social de inserção e o homem 400 euros de subsídio de desemprego.

Na altura em que se foi entregar à GNR, o homem assumiu também o homicídio de uma comerciante em Felgueiras, um caso entretanto já julgado, com condenações de 21 anos de prisão para ele e de 18 para a mulher.