Os restos mortais de Shimon Peres foram transportados ao início do dia do parlamento para o cemitério do Monte Herzl, em Jerusalém, onde vão ser sepultados num funeral que junta 34 chefes de Estado e de Governo.

O carro fúnebre escoltado por uma coluna de veículos policiais percorreu as ruas de Jerusalém até chegar ao seu destino final, situado no sudoeste de Jerusalém, onde se encontram enterrados os “grandes da nação”.

O dispositivo de segurança em torno das exéquias do antigo chefe de Estado israelita é considerado o maior da história do país, envolvendo só em Jerusalém o destacamento de 8.000 agentes em diversos pontos da cidade.

Israel não vivia um acontecimento dessa magnitude desde o funeral, em 1995, de Yitzhak Rabin, o primeiro-ministro assassinado por um extremista judeu. Juntamente com com Peres e com o então líder palestino, Yasser Arafat, Rabin foi agraciado com o Prémio Nobel da Paz, em 1994, pelos Acordos de Paz de Oslo.

O ex-Presidente de Israel e Nobel da Paz, Shimon Peres, morreu na quarta-feira, depois de ter sofrido um acidente vascular cerebral (AVC) a 13 de setembro que o deixou hospitalizado desde então.

Primeiro-ministro israelita e líder palestiniano trocam aperto de mão

O primeiro-ministro israelita, Benjamim Netanyahu, e o líder palestiniano Mahmud Abbas deram hoje um aperto de mão no funeral de Shimon Peres. Os dirigentes cumprimentaram-se e falaram brevemente pouco antes do início do funeral que está a decorrer no cemitério de Monte Herzl.

De acordo com a edição digital do diário Haaretz, Abbas disse a Netanyahu durante a saudação: “Já passou algum tempo desde o nosso último encontro”, ao que o primeiro-ministro israelita respondeu: “Agradeço muito que tenha vindo ao funeral”.

Abbas está entre os 24 chefes de estado e uma dezena de chefes de governo que assistem hoje ao funeral de Shimon Peres.

Peres, o último dos "pais fundadores"

Peres era o último sobrevivente da geração dos “pais fundadores” de Israel e foi um dos principais artesãos dos acordos de Oslo, assinados com os palestinianos em 1993, o que lhe valeu a atribuição do Nobel da Paz em 1994.

Shimon Peres ocupou quase todos os mais importantes cargos políticos em Israel - ministro de várias pastas em vários governos, primeiro-ministro interino, primeiro-ministro e presidente (2007-2014). Entrou para a política aos 25 anos, graças ao fundador de Israel, David Ben Gurion, e foi um dos arquitetos do programa nuclear do país. Israel é considerado a única potência atómica militar do Oriente Médio.

O anúncio da morte do líder israelita provocou uma série de homenagens em todo o mundo, com menções à visão, coragem e tenacidade de um homem que vários líderes mundiais chamavam de "amigo".

O papa Francisco expressou sua "profunda tristeza" e espera que sua "herança" seja respeitada, num momento que parece cada vez mais distante a possibilidade de uma solução para o conflito israelo-palestino.

Obama ordenou que as bandeiras da Casa Branca e de todos os prédios oficiais e militares nos Estados Unidos e no exterior permaneçam a meia haste até a noite de sexta-feira.

Presente nas grandes batalhas da curta história do Estado hebreu e em suas agudas controvérsias políticas, Peres mudou sua imagem de guerreiro para a de um político de consenso, sendo considerado um sábio da nação.