Em entrevista à TVI, o antigo primeiro-ministro considerou que a moção de censura apresentada pelo CDS-PP ao executivo socialista, debatida e chumbada na terça-feira no parlamento, demonstrou uma confirmação do Governo “um bocado à força”.
“Este Governo tem um secretário de Estado que tem de andar todos os dias em negociações, têm de andar a construir a maioria todos os dias. Eu quero formar uma alternativa contemporânea, sólida, mas principalmente coerente, que leve o PPD/PSD a liderar o espaço de centro-direita”, afirmou, alertando que nas próximas legislativas os eleitores já sabem que o PS se pode “coligar com a extrema-esquerda”.
Nesse ponto, Santana Lopes alertou que “faltam dois anos no máximo para as próximas legislativas”.
“Admito que [o Governo] possa não chegar ao fim da legislatura. Esta frente de esquerda de socialistas, comunistas e extrema-esquerda é inédita na Europa e é má para Portugal”, disse Santana Lopes, embora admitindo que esta solução terá a vantagem de “os portugueses saberem como é importante criar uma alternativa coerente”.
Dizendo não estar “obcecado em discutir o centro esquerda e centro direita”, Santana Lopes afirmou querer contar com todos, “socialistas moderados, liberais”, e escolher “os temas essenciais” em que o partido deve fazer a oposição.
“Nestes dois anos, quero provar que somos melhores do que o Governo que está em funções”, afirmou, dizendo acreditar que poderá vencer o PS em eleições legislativas até porque “a política muda num dia, numa semana”.
Santana Lopes escusou-se a fazer grandes críticas a Rui Rio, que classificou como seu “oponente” na disputa pela liderança do PSD, mas lamentou a sua recusa quanto à sugestão que tinha lançado, de se realizarem debates em todas as distritais do país.
“Se em vez de 20, quiserem organizar 10, ou cinco, ou quatro, é com as distritais”, disse.
Sem excluir participar em debates organizados pelas televisões ou rádios, Santana disse que não se pode negar, em primeiro lugar, o direito às bases de ouvir os candidatos à liderança.
“As televisões têm tempo limitado e nas distritais podemos estar toda a noite a debater”, justificou.
Depois de Rui Rio ter dito na entrevista à TVI ser muito o que o separa de Santana Lopes, o antigo primeiro-ministro preferiu afirmar o contrário: “Tanta coisa que nos une, somos do memos partido, ele foi meu vice-presidente, ganhámos câmaras municipais no mesmo dia, temos a mesma ideologia no geral”.
“Acho que tenho os melhores projetos, as melhores ideias, e as melhores obras”, afirmou, acrescentando que a sua “obsessão” não é o défice zero – uma ideia defendida por Rui Rio - mas é o crescimento.
Criticando a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano – em pontos como a mudança da tributação para os recibos verdes ou a possibilidade do aumento da derrama -, Santana Lopes citou várias vezes o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
“Se ganhar, como espero, o PPD/PSD terá um líder que entende que o Presidente da República não pode ser oposição aos governos. A oposição tem de se valer por si própria, não pode querer ganhar com a ajuda do Presidente da República”, frisou, prometendo “colaboração exemplar” ao chefe do Estado.
Sobre o estilo de oposição do PSD nos últimos dois anos, Santana voltou a assumir “o legado de Pedro Passos Coelho em toda a sua dimensão”, elogiou o “grupo parlamentar extraordinário”, mas admitiu ser necessário entrar “num novo ciclo”.
“Não podemos ter um líder crispado…não quero dizer que Passos Coelho o seja ou Rui Rio o fosse”, afirmou, contrapondo que o atual Presidente da República é o “campeão dos afetos” e o primeiro-ministro “o campeão dos sorrisos”, pelo menos até às recentes tragédias dos incêndios.
As eleições diretas para a escolha do presidente do PSD realizam-se em 13 de janeiro e, até agora, Santana Lopes e Rui Rio são os únicos candidatos anunciados.
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