"Os próximos grandes desafios da economia, da saúde e das nossas vidas", foi este o mote para a primeira conferência organizada pela Wisdom Consulting, em que participaram como oradores Adolfo Mesquita Nunes, antigo vice-presidente da comissão política nacional do CDS, Óscar Gaspar, ex-secretário de Estado da Saúde, e João de Macedo, surfista de grandes ondas.
O texto que se segue, apesar de estar na forma de pergunta/resposta não se trata de uma entrevista, mas espelha a interação entre Adolfo Mesquita Nunes, um dos convidados, a moderadora e a plateia.
Sobre o ano que agora começa e as incertezas mundiais - a economia alemã, a desaceleração da China, as eleições presidenciais nos EUA e uma eventual guerra com o Irão - pessimista ou optimista?
Independentemente das particularidades, se há coisa que caracteriza a economia nestes tempos é a imprevisibilidade e a incerteza. A mudança é cada vez mais veloz, a economia é cada vez mais global, mas, em cima disso, tudo é muito incerto. Para onde vai a economia, que questões irão surgir, que inovação vai, de alguma maneira, entrar pela porta da nossa área de negócio adentro.
Um dos desafios da economia global incerta e em mudança é como preparamos os sectores mais dinâmicos da nossa economia para vencer neste contexto e como preparamos os sectores mais vulneráveis para este contexto. E quando digo mais vulneráveis, é porque muitas vezes fala-se nas desigualdades e diz-se que as classes médias dos países ocidentais, dos países industrializados, são as perdedoras da globalização, e isso tem muito que ver com não estarmos preparados para as profissões que estão a surgir.
Estamos a assistir ao desaparecimento de profissões rotineiras, normalmente associadas à classe média, que estão a ser transferidas para outras partes do globo. Como é que nós, enquanto país - falo agora de Portugal - nos conseguimos preparar para nos destacarmos, pelo menos de alguma maneira, nesta economia global. E é isso que eu acho que não está a ser feito.
Ou seja, não temos nenhuma visão sobre como é que preparamos as novas gerações para as realidades da economia digital, não temos qualquer política de formação profissional vocacionada para estes tempos de incerteza e para resolver os problemas destas classes médias e temos uma noção muito grande social das desigualdades que não estamos a saber combater e que vive muito desta ideia de as pessoas acharem que estamos a viver pior do que há 50 anos.
Para responder à pergunta do optimismo e do pessimismo, é preciso começar por dizer que nunca se viveu tão bem no mundo como agora. Gosto de o dizer com esta frontalidade e chocar toda a gente, porque só quem não se lembra do que o mundo era há 40 ou 50 anos - em termos de mortalidade infantil, preço dos bens essenciais, acesso à água potável, acesso à energia, pessoas a viver em pobreza extrema - pode pensar assim. Temos a maior classe média do mundo da história, nunca se viveu tão bem. Mas a sensação de incerteza, quer das pessoas, quer das empresas, é muito grande e é muito difícil lidar com ela.
Não temos nenhuma visão sobre como é que preparamos as novas gerações
Quando fazemos uma comparação entre a realidade nacional e a de outros países, nessa previsão para 2020 estamos melhor do que, por exemplo, a Europa?
Não. Bem, há com certeza países pior do que nós. Mas aquilo que estamos a ver, quando se diz que estamos a acrescer acima da média europeia, é que estamos a crescer acima da média europeia de países que têm crescimentos muito superiores ao nosso e que têm condições muito superiores às nossas.
Estamos a ser ultrapassados por economias que estão a passar exactamente pelos mesmos problemas que nós, que até estavam atrás de nós, vêm com mais atraso, e estão a entregar-se a esses desafios de uma maneira diferente. Os países bálticos são um bom exemplo, sobretudo pela forma como se estão a preparar para a economia digital. Têm economias pequenas, que precisam de ser economias abertas como a nossa, o que faz com que estejamos muito dependentes da forma como a economia global vai avançar.
Neste sentido, faz-me alguma confusão que quando se discute saúde, educação, segurança social, é sempre na perspectiva dos recursos humanos e da função pública. Que são temas essenciais, atenção, discutir quanto as pessoas devem ganhar, as suas carreiras. Mas, no mundo da incerteza absoluta em que estamos, aquilo que temos para dizer da educação é falar apenas do salário dos professores? E os currículos, e como preparamos estas pessoas para os novos desafios, e a formação profissional - é para dar o 12.º ano às pessoas?
O gráfico do elefante mostra como está a crescer o rendimento das pessoas no mundo inteiro de acordo com o percentil de rendimento. Chama-se assim porque tem a forma do elefante: nas classes mais baixas cresce muito, depois faz uma espécie de uma curva para baixo e depois a curva dos mais ricos. A curva para baixo somos nós, são as classes médias dos países desenvolvidos, que estão a ficar para trás, e estão a sentir que estão a ficar para trás. E é isso que explica o Brexit e outros movimentos, esta sensação de que somos perdedores com a globalização, quando não tínhamos de ser.
O número estimado de turistas para 2019 é de 27 milhões. É este ano que o turismo vai começar a arrefecer?
O turismo é um óptimo exemplo da forma como olhamos para a economia em Portugal. Durante décadas ouvimos dizer que o turismo era o nosso petróleo, precisávamos de ser a Florida da Europa e éramos completamente doidos por não explorar este filão.
Os recordes de turismo têm cerca de cinco anos, estamos ainda no começo, mas aquilo que já estamos a discutir é como travamos isto, como conseguimos que isto não avance.
Desafio as pessoas a trocarem a palavra turista por estrangeiro e lisboeta por português, e vão ver como boa parte das afirmações que fazem são profundamente racistas: "Eu não quero franceses na minha rua, quero só lisboetas". "Eu não quero estrangeiros na minha rua, porque a minha rua está descaracterizada e não há cá portugueses". É só trocar as palavras para ver a dimensão.
Agora, o turismo é uma actividade económica e tem externalidades, algumas negativas? Tem, com certeza. Portanto, temos de lidar com elas. E o risco que temos é se vamos lidar com elas criando externalidades negativas ainda piores.
O turismo está a crescer e é normal que cresça, porque, se o mundo continuar um sítio mais ou menos pacífico, é suposto que o turismo mundial cresça uma média de 4% ao ano. Porque é um fenómeno económico, mas é também um fenómeno social, cultural, portanto, é normal que vá crescer.
Como é evidente, tudo o que dependa de clientes, de consumidores, depende da capacidade que existe de os seduzir. Temos óptimo território, que conseguimos transformar em produtos, e produtos em experiências, mas esta transformação depende de um factor humano, a criatividade. Se perdemos o comboio porque deixámos de servir a tosta alentejana e deixámos de ser genuínos, então podemos eventualmente perder para outros destinos ou para outras regiões, porque, de facto, não soubemos continuar a tratar o consumidor como ele tem de ser tratado, porque é ele que determina o sucesso das coisas.
Não gostamos muito de pensar nisto, mas quem decide se um empregado é despedido ou não é o consumidor. Sempre que entro numa loja e não entro noutra, estou a fazer uma opção, e se todos formos à mesma loja a outra vai fechar e os empregados vão ser despedidos. Somos nós consumidores que temos esse poder.
A forma como penso que a economia tem de funcionar, é continuar a ter os empresários dependentes do consumidor, é a única maneira que temos de os empresários tentarem ser mais parecidos com anjos do que são. Porque o que eles querem é fazer negócio, com é evidente e normal. Sempre que se perde esta ligação entre o consumidor e empresário, então sim, quer com preços mínimos, quer com subsídios, quer com monopólios, eles passam a fazer o que querem.
Nestas regulações do turismo, o meu receio é que a pretexto de uma genuinidade, o que estamos a fazer é a criar situações e monopólio, em que a partir de agora, como já não pode haver mais nenhum AL ou nenhum hotel ou não pode entrar mais não sei o quê, então quem lá está deixa de se preocupar com consumidor.
Outra coisa que digo sempre, e é mesmo uma coisa que me revolta: muitas vezes, quando se fala em genuinidade do turismo em Portugal está-se a falar de pobreza, está-se a falar de pessoas que viviam muito pobrezinhas à beira-mar e comiam peixe de três dias, que tinham de assar cá fora na rua. E que se diga hoje que sentimos falta disto porque era o típico, é vício de gente rica que olha para a pobreza como se fosse um parque de diversões. Porque era pobreza. Essas pessoas, pelo menos algumas delas, subiram na vida.
O que reflecte isso?
A forma como lidamos com o êxito e com o lucro diz muito sobre a nossa incapacidade de termos actividades económicas que possam florescer. E as discussões que estamos a ter são sempre discussões muito conceptuais. Por exemplo, as discussões da saúde sobre PPP [parcerias público-privadas]: efectivamente, não estamos a discutir como é que o Estado pode competir em termos de gestão com uma PPP, que era a discussão que devia ser feita. Isto é, se não quero privados na saúde, como transformo os mecanismos de gestão do Estado para ter uma gestão tão boa quanto o Tribunal de Contas diz que os privados têm. Mas não é isso que se discute, o que se discute é: não quero privados, não quero saber. E ninguém vai perguntar se os médicos que estão no privado são médicos que quando despem a bata do público passam a ser outras pessoas, que é uma coisa que também me faz um pouco de confusão.
E no SNS [Sistema Nacional de Saúde], no sistema de saúde, devíamos estar a discutir - porque estamos sempre a dizer que queremos pôr o utente no centro, mas o utente não está no centro coisa nenhuma - como podemos servir melhor o utente.
Entre público e privado - e nem sequer devíamos utilizar estar terminologias, porque eu não sei se é público ou privado: faz parte do SNS, tem uma gestão privada, mas está sujeita a regras que um privado puro não está e não tem as mesmas regras que o público - o que devíamos estar a discutir é como melhoramos as ferramentas de gestão. Mas não estamos, estamos a discutir se há público-privado e se a Lei de Bases tem de ser isto. Assim não sei como vamos responder aos desafios da longevidade, do financiamento - como vamos arranjar novas fontes de financiamento para o SNS - da gestão, novas ferramentas de avaliação... Não discutimos nada disto, nem aqui nem em nenhuma outra área da economia. É por isso que somos ultrapassados.
A sensação das pessoas é um pouco esta, de incerteza, medo, e acho que isto pode explicar muito dos desafios políticos. Quem, de alguma maneira, teve sorte na vida, cultiva muito esta ideia de fazer o que quer, portanto, dos novos desafios às profissões que aí vêm, é tudo espectacular. Mas na maior parte das pessoas isto é aquilo que gera ansiedade, medo, e tornam-se muito mais conservadoras. É verdade que temos muito mais imprevisibilidade laboral, mas, se calhar, chegamos ao fim dos 15 trabalhos que tivemos nos últimos dez anos e dizemos: foi sempre a subir, fui sempre para melhor. Então, ainda bem que existe esta variabilidade e esta diversidade, ainda bem que a economia mexe e há concorrência, que me deu esta possibilidade. Só que, enquanto estivemos nestes 15 trabalhos, estivemos sempre com medo de os perder. É esta situação de incerteza que temos de conseguir compreender , sobretudo o espectro político (não digo da direita) que acredita na economia de mercado. E temos de dar resposta a estas pessoas, de conseguir mostrar-lhes e sintonizarmo-nos com essas preocupações. Porque, de facto, esta incerteza não significa que as coisas vão ficar pior. E este é o talvez o desafio maior, e penso que os populistas descobriram muito bem como lidar com ele.
O ambiente é a maior referência ética e moral dos nossos tempos
O desafios das alterações climáticas: a nível global, teremos já a partir deste ano mudanças significativas?
Numa sociedade que tende a ser laica há muita necessidade de criar referências éticas e morais. E o ambiente é a maior referência ética e moral dos nossos tempos, noto isso nas novas gerações. Para um político, é lidar com isso, não vale a pena ignorar. É lidar com isso.
Vou contar um caso caricato: esta é a altura em que o nosso escritório [de advogados] contrata estagiários. Nas entrevistas fazemos sempre uma pergunta para ver como as pessoas pensam: se houvesse um problema no mundo e pudesse trabalhar nele, qual seria? E 95% dos estagiários que entrevistámos respondeu "ambiente". Não foi nem a fome, nem a alimentação, foi o ambiente.
O que faz sentido recordar, é que é precisamente quando temos a parte da fome resolvida - em parte, claro - quando a pobreza extrema está no nível mais baixo de sempre e temos, apesar de tudo, estabilidade nos serviços públicos, nos Estados sociais que temos, é aí que podemos preocupar-nos com o ambiente. Ou seja, isto é uma preocupação que só é possível porque fomos resolvendo uma parte dos problemas civilizacionais que tínhamos.
Agora, há formas de tentar resolver os problemas, e aqui o bom senso é a razão das coisas. E os problemas têm vindo a resolver-se. Há vinte anos ouvia-se muito falar numa coisa que já não se ouve, o buraco do ozono. Agora são as emissões, um indicador que está a subir, mas são sobretudo os países do terceiro mundo que o emitem, não são as sociedades do primeiro mundo, que depois se culpabilizam muito por aquilo que fazem. Mas são problemas para os quais estamos a tentar encontrar respostas. O que não gosto de ver é o ambientalismo, ou a defesa do ambiente quando, na prática, é anticapitalismo. Isso é que não faz sentido.
Agora, que falta uma resposta a esta busca ética das novas gerações por parte do sistema político, que não fique logo contaminada com o "vamos regredir cem anos na nossa qualidade de vida", de facto falta.
Respostas globais: aí sou bastante optimista. Pode haver objectivos muito ambiciosos e que não vão conseguir realizar-se, mas é isso que faz com que os países comecem à procura de soluções, de transições energéticas que possam resolver os problemas, não é a fazer os negócios ruinosos como se fez.
Portugal pode posicionar-se na dianteira da descarbonização?
Sim. E em Portugal a questão do mar é muito relevante. Aí podemos ser pioneiros. Mas é importante pensarmos nisto: precisamos de território povoado. Muito do que acontece ao território é porque perdemos a sua ocupação, está ao abandono. Portanto, voltar a olhar para o território, voltar a ter agricultura sustentável planeada, turismo, regresso das actividades económicas ao interior do país.
Qual diria ser a chave para uma economia mais moderna?
Nunca, até hoje e do que está estudado, as revoluções tecnológicas destruiram mais do que criaram empregos. A dúvida que se coloca - e não estou de acordo - é que antes as revoluções tecnológicas deslocalizavam trabalho para outras zonas do globo - o que de facto aconteceu - e agora já não se vai transferir o trabalho para lado nenhum, porque os postos de trabalho serão substituídos por máquinas. Como se as máquinas surgissem do nada e sozinhas.
Pela primeira vez a desigualdade global no mundo está menor, está em queda sistemática há 20 anos. O mais pobre do mundo está menos pobre do que antes.
Agora, isso é a grande pressão sobre as sociedades dos chamados países industrializados, e exige perfis profissionais muito mais qualificados do que aqueles que temos agora. E a qualificação não é apenas o curso, mas a capacidade de abrangência para mudar e fazer outra coisa. Salvam-se, de acordo com os estudos, as profissões manuais não rotineiras, e que, tradicionalmente, estão associadas às classes média-baixa. O exemplo típico é o cabeleireiro.
E como é que criamos estas novas competências quando não sabemos quais serão? Quem vai dar formação quando ainda não se sabe que é preciso? É isto que devíamos estar a discutir, mas não estamos.
A formação profissional em Portugal é uma conversa que não faz sentido nenhum. Estamos a falar das Novas Oportunidades, do 12.º ano. E é isto que justifica a grande ansiedade das pessoas, sobretudo quando surgem notícias nos jornais, sempre com um ar optimista, mas que assusta, a dizer que não sei quantas profissões vão ser destruídas nos próximos anos.
A revolução hoje é mais social porque, de facto, se democratizou. Quando olhamos para a redução da pobreza e a ascensão da classe média, o que vemos é que os que estão num meio social com vantagens vão sempre conseguir furar. O que me preocupa são aqueles que dependem da escola pública e podem vir a não ter essas ferramentas, porque ninguém se lembrou de discutir outra coisa que não o apagão dos professores. E este é mesmo um dos temas sobre as desigualdades, a questão das qualificações socio-profissionais - mais do que taxar os ricos em 1%.
A ideia de que os políticos são outra coisa que não pessoas, e que não respondem aos impulsos das pessoas, é errada
O que podemos esperar, sobretudo em termos éticos, da classe política portuguesa?
Podemos esperar exactamente aquilo que os eleitores querem. No caso do financiamento dos partidos [Lei do Financiamento dos partidos votada na AR, que fez prescrever processos dos próprios], penso que o CDS votou contra. Mas, estamos em que concelho? [Oeiras] A ideia de que os políticos são outra coisa qualquer que não pessoas, e que não respondem aos impulsos das pessoas, é errada.
Mas, já que pergunta, aquilo que se discute na Assembleia [da República] é, também, aquilo que passa pelos jornalistas. Perseguir uma deputada, que está a dar muito que falar, é, pelos vistos, ocupação dos jornalistas. Mas discutir as propostas que estão discutidas, porque há lá muito trabalho, já não é. Portanto, sim, o eleitor é capaz de se revoltar se achar que isso é a única coisa que os deputados lá estão a fazer. E não é. Os deputados fazem muita asneira, eu já fui deputado e também já fiz, mas faz-se muito mais do que isso. Antes havia a ideia do curto prazo, do médio prazo, agora vivemos no nano tempo. As pessoas já nem lêem o título, lêem só as palavras que ficam no link, no http, e já é o suficiente para terem uma ideia formada sobre os assuntos.
Agora, acho que há muitas responsabilidades políticas em encontrar novas formas para comunicar - e não tenho resposta para isso - porque o que se passa é que estamos a aprender em directo, portanto, a falhar em directo, como se falha nas ondas [está ao lado do surfista João de Macedo]. Mas estamos, de facto a tentar aprender, e acho que aquilo que pode precaver, requalificar o Parlamento, é, provavelmente, dar-lhe menos poderes. Eles que se ocupem de menos coisas - e assim não teríamos de prestar tanta atenção ao que fazem. E, atenção, fiz parte e não me quero excluir.
Falou em Oeiras, mas também podia ter falado na abstenção.
Tivemos mais partidos a entrar na Assembleia e o número de votantes foi inferior [às ultimas eleições]. Atenção, não estou a defender os incumbentes, porque acho, de facto, que é das poucas áreas que ainda não mudaram a forma de comunicar, mas, atenção, há uma parte da abstenção que é apenas "é-me indiferente", é há uma parte do "é-me indiferente" que eu considero altamente saudável, é a sensação que temos de que nunca se vai fazer nada de extremamente prejudicial para as nossas vidas. Porque se se fizesse, tínhamos de ir lá para o combate. Não estou a fazer a apologia da abstenção, mas se não votam, é porque não querem saber. E tenho de respeitar que não queiram saber.
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