Reagindo à informação de que os procuradores do processo "Operação Marquês" pediram pelo menos mais dois meses para finalizar a investigação, João Araújo, um dos advogados de Sócrates, disse à Lusa que, "antes de tomar uma decisão", a PGR, Joana Marques Vidal, deveria "ouvir todos os arguidos" sobre o pedido, mesmo que a dilatação do prazo seja reduzido.
João Araújo referiu que as pessoas comuns vão ficar "escandalizadas" na eventualidade de vir a ser prorrogado o prazo para conclusão do inquérito, dizendo esperar que a PGR saiba "preservar a dignidade e a autoridade do seu cargo".
"Eles [Ministério Público] não podem desconhecer que o ambiente geral do país quanto a isto é de escândalo", disse o advogado, rejeitando o argumento que a dilatação do prazo de inquérito seja justificável à luz de novas provas e indícios contra os arguidos, incluindo José Sócrates.
"Até agora não descobriram nada e agora é que dizem que descobriram algumas coisinhas. É uma vergonha", contrapôs.
Por seu lado, Francisco Proença de Carvalho, advogado do ex-presidente do BES Ricardo Salgado, disse à Lusa não ter ficado "nada surpreendido! com o pedido do DCIAP de prorrogação de prazo para conclusão da investigação porque "todos os sinais publicitados nos últimos tempos iam nesse sentido".
"Só lamento que tenham criado este thriller à volta desta circunstância", criticou.
Os procuradores do inquérito "Operação Marquês" solicitaram à procuradora-geral da República pelo menos mais dois meses para concluir a investigação, segundo disse hoje à Lusa fonte ligada ao processo.
Segundo a mesma fonte, o pedido de prorrogação de prazo dirigido à PGR, Joana Marques Vidal, foi redigido pelo procurador Rosário Teixeira do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).
A fonte esclareceu que a decisão de pedir prorrogação de prazo para conclusão do inquérito não resultou de qualquer reunião de procuradores hoje realizada no DCIAP e que a mesma já tinha sido decidida anteriormente.
Na “Operação Marquês”, o ex-primeiro-ministro José Sócrates está indiciado por corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais, num processo que investiga crimes económico-financeiros e que tem 25 arguidos: 19 pessoas e seis empresas, quatro das quais do Grupo Lena.
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