Em declarações aos jornalistas no parlamento, a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, considerou que a comissão técnica independente (CTI) não colocou “as preocupações ambientais em primeiro plano”, assim como “a segurança e a qualidade de vida das pessoas”.

“Desde logo, porque a solução de Alcochete nos coloca preocupações graves, quer ao nível da desarborização - os cerca de 250 mil sobreiros bem como o montado que vão ter de ser destruídos para a construção - a par do impacto do ruído para a qualidade de vida das pessoas”, disse.

O PAN salientou ainda que a construção do aeroporto em Alcochete “compromete um dos maiores aquíferos de água pública do país”, apelando a que haja uma “ampla participação” da população na consulta pública que se vai agora abrir.

“O PAN irá tomar parte, enviar os seus contributos e preocupações, porque devemos salvaguardar não só as preocupações ambientais, mas acima de tudo a qualidade de vida das pessoas, quer da Área Metropolitana de Lisboa - o problema da Portela continua por resolver a curto, médio prazo - quer de Alcochete”, referiu.

O PAN manifestou também preocupação pelo facto de os pareceres sobre a localização do aeroporto elaborados pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) não terem sido divulgados.

“O PAN vai requerer ao Governo esses mesmos pareceres, porque não podemos voltar a ter casos de falta de transparência, como os que vimos nos casos do hidrogénio em Sines, em que efetivamente a avaliação ambiental fica comprometida”, disse.

Por sua vez, o deputado único do Livre, Rui Tavares, considerou que o relatório da CTI demonstra que o seu partido tinha razão quando defendeu que era “completamente necessário” haver uma “avaliação ambiental estratégica” para se tomar uma decisão sobre o novo aeroporto, por ter mais “coordenadas do que os estudos de impacto ambiental”.

Por outro lado, Rui Tavares sublinhou também que o relatório mostra, “como o Livre sempre disse”, que a opção de fazer o aeroporto em Montijo “era inviável” e uma “má solução”.

“Do ponto de vista ambiental, seria trágico para uma zona que é muito sensível e, do ponto de vista do crescimento futuro, da flexibilidade que tal escolha daria ao nosso país, era uma solução com enormes deficiências”, referiu.

O deputado único do Livre acrescentou ainda que a metodologia desenvolvida pela CTI dá ainda razão ao seu partido por demonstrar que a democracia portuguesa pode “crescer em maturidade, com mais instrumentos de participação pública, com consultas públicas muito participadas, como foi esta do novo aeroporto de Lisboa”.

“Se tivéssemos adaptado este tipo de decisões a outro tipo de questões da atualidade nacional, como sejam as questões do lítio, do hidrogénio, com o famoso centro de dados em Sines, se tivéssemos deixado as pessoas participar mais, as coisas eram mais transparentes, mais legitimadas”, defendeu.

Rui Tavares acrescentou ainda que o tema do novo aeroporto será certamente um dos temas da próxima campanha eleitoral, acrescentando que as pessoas “avaliarão a forma como os políticos respeitam ou não as deliberações técnicas que a CTI realizou”.

A comissão técnica independente identificou Alcochete como a solução com mais vantagem para o novo aeroporto, entre as duas opções viáveis, segundo o relatório hoje divulgado.