A situação parecia controlada pelas forças afegãs na manhã de hoje [hora local], que tinham aliviado o estrangulamento em torno da terceira maior cidade do país, onde vivem cerca de 600 mil pessoas.
Grandes destacamentos de tropas e da polícia foram mobilizados, mas os combates recomeçaram à tarde na periferia da cidade e nos distritos de Injil e Guzara, segundo o governador da província de Herat, Abdul Saboor Qani.
“Neste momento, há combates na periferia sul e sudeste da cidade de Herat”, incluindo nas áreas de Pashtun Pul – perto dos escritórios da Missão das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA) – e Pul Malan, duas pontes localizadas a cerca de 10 quilómetros a sul da cidade, disse Abdul Saboor Qani à AFP.
“As forças de segurança afegãs e as ‘forças de resistência’ (milícias anti-talibã) estão a lutar para recuar e destruir os talibãs. Temos tentado poupar a população tanto quanto possível, mas o inimigo tomou posições em casas particulares. Estamos a avançar cuidadosamente para evitar vítimas civis”, acrescentou o governador.
Os talibãs apreenderam recentemente vários distritos na província de Herat, bem como dois postos fronteiriços na província: Islam Qala, o principal ponto de passagem com o Irão, e Torghundi, que faz a passagem para o Turquemenistão.
Nos dois dias anteriores, os talibãs já se tinham aproximado dos limites da cidade, em torno dos quais foram destacadas as forças afegãs e as milícias de Ismail Khan, um poderoso senhor da guerra local que se opõe aos talibãs e que está a ajudar nos combates em Herat.
A entrada dos escritórios da UNAMA foi atacada na sexta-feira, nomeadamente com um lança-foguetes, “por elementos anti-governamentais”, causando a morte de um polícia afegão que guardava o edifício e ferindo vários outros, de acordo com a missão da ONU.
Os rebeldes também aumentaram a sua pressão sobre duas outras capitais de província no sul do Afeganistão nos últimos dias: Kandahar, a segunda maior cidade do país e berço dos talibãs, e Lashkar Gah, a capital de Helmand.
Segundo a AFP, os combates continuaram nos arredores de Kandahar, onde helicópteros do exército afegão bombardearam os talibãs.
Como consequência do conflito, milhares de residentes fugiram das zonas circundantes nas últimas semanas para se refugiarem na cidade.
Os talibãs lançaram no início de maio uma ofensiva de grande envergadura contra as forças afegãs, graças à retirada definitiva — agora, quase concluída — dos 10.000 soldados da NATO, dos quais 2.500 norte-americanos, do Afeganistão.
Em três meses, os talibãs tomaram vastas zonas essencialmente rurais do país, perante forças governamentais que até agora ofereceram pouca resistência e já só controlam as capitais provinciais e a maioria das principais estradas.
Comentários