A queda de Mazar-e-Sharif, capital da província de Balkh, é um duro golpe para o governo afegão, depois de a segunda cidade mais importante, Kandahar, e a terceira, Hérat terem também sido tomadas pelos insurgentes, mantendo-se Cabul como a única fortaleza contra os talibãs.
“Todas as instalações do governo estão agora sob o controle dos talibãs e estão a ocorrer combates esporádicos em algumas partes da cidade”, disse hoje um oficial de Balkh, que pediu anonimato à agência EFE, após a queda de Mazar-e-Sharif.
O presidente do Afeganistão, Ashrasf Ghani, defendeu a necessidade de enfrentar a grande ofensiva talibã que, em pouco mais de uma semana, resultou no maior avanço em duas décadas de guerra, gerando alertas sobre a possível queda de Cabul, capital afegã.
Num discurso transmitido pela televisão, Ghani garantiu que a “prioridade máxima” do governo afegão é a mobilização das forças de segurança para impedir a captura de mais capitais regionais no país.
O anúncio do presidente surge depois de muitas das tropas afegãs se terem rendido ou fugido dos territórios conquistados pelos talibãs, em alguns casos sem oferecerem resistência.
Enquanto Ghani discursava, os talibãs anunciaram a conquista de sua 20.ª capital provincial: Asadabad, capital da região oriental de Kunar.
Pouco depois, assumiram o controlo da capital regional de Paktika, Sharana, que também foi entregue pacificamente e sem “disparar uma bala”, como revelou o deputado desta província na câmara baixa do parlamento à EFE, Khalid Asad.
Algumas horas mais tarde, mais três cidades foram capturadas: Maymana, Mehtarlam e Mazar-e-Sharif.
O rápido avanço da ofensiva talibã foi motivado pela fase final de retirada das tropas do país dos Estados Unidos e da NATO, iniciada em maio e que deverá ficar concluída este mês.
Desde então, os talibãs assumiram o controlo de 140 centros distritais, 23 capitais de província e cerca de 10 passagens de fronteira, a maior conquista em duas décadas de guerra.
O medo crescente de que a capital afegã, Cabul, pudesse cair nas mãos dos talibãs a qualquer momento fez com que vários países se mobilizassem rapidamente para retirar o seu pessoal nacional em Cabul, bem como cidadãos afegãos que trabalharam de perto com eles durante os últimos vinte anos de conflito .
No fim de semana, espera-se que grande parte dos militares dos EUA enviados pelo Pentágono para ajudar na retirada da maior parte do pessoal da embaixada dos EUA e de outros cidadãos afegãos cheguem a Cabul.
Além dos Estados Unidos, também o Reino Unido, a Alemanha e Espanha, entre outros, anunciaram que nos próximos dias tomarão medidas semelhantes perante a situação atual, com os talibãs cada vez mais próximos de Cabul.
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