Segundo o jornal britânico Guardian, o chefe do comando central dos Estados Unidos, General Kenneth McKenzie, anunciou que "o último avião tripulado está agora a sair do espaço aéreo do Afeganistão".

Numa conferência de imprensa, o general disse que o último avião C-17 descolou do aeroporto de Cabul a 30 de agosto às 20:29 (hora de Lisboa).

"Estou aqui para anunciar a conclusão da nossa retirada do Afeganistão e o fim da missão militar para retirar do país cidadãos americanos, nacionais de outros países e afegãos vulneráveis. O último avião C-17 descolou do aeroporto Internacional Hamid Karzai no dia 31 de agosto, esta tarde, às 15h29, hora na costa leste dos EUA"

McKenzie acrescentou ainda que "a retirada desta noite significa tanto o fim da componente militar da evacuação, como o fim da missão de quase 20 anos que começou no Afeganistão, pouco depois do 11 de setembro de 2001. É uma missão que ditou o fim do Osama Bin Laden, bem como de muitos conspiradores da Al-Qaeda".

"Não foi uma missão 'barata'. Teve um custo de 2.461 militares e civis mortos e mais de 20 mil feridos. Infelizmente, isto inclui 13 membros de serviço dos EUA que foram mortos na semana passada por um bombista suicida do ISIS-K", relembrou.

"Eles queriam que saíssemos de lá. Nós queríamos sair com os nossos, com os nossos amigos e parceiros. Então, durante esse curto período de tempo, as nossas questões, a nossa visão do mundo era igual", assegurou.

"Por fim, acho que os talibã não vão ter mãos a medir com o ISIS-K. E deixaram muitos deles sair da prisão e agora vão poder colher o que semearam".

"Todos os militares americanos saíram do Afeganistão, posso afirmá-lo com toda a certeza", rematou.

O general responsável pelas forças norte-americanas no Afeganistão disse também que é "hora da diplomacia funcionar".

"A fase militar da operação terminou. A parte diplomática vai agora começar. Creio que o departamento de estado vai esforçar-se muito para permitir [retirar] os cidadãos americanos que lá ficaram - e os que não foram trazidos serão poucas centenas. Creio que vamos conseguir tirar essas pessoas de lá, acho que também vamos negociar intensa e agressivamente para tirar de lá outros parceiros afegãos. O nosso desejo de retirar estas pessoas mantém-se tão intenso quanto antes. As armas foram levadas da ala militar para a ala diplomática, no Departamento de Estado, quando eu assumir o comando".

"Não retiramos todos os que gostaríamos", disse o general McKenzie, destacando que as retiradas foram concluídas "umas 12 horas" antes da saída final, mas que as forças americanas no terreno estiveram prontas para tirar do país qualquer um que pudesse chegar ao aeroporto "até o último minuto".

O embaixador dos Estados Unidos no Afeganistão e o comandante das forças militares do país em solo afegão foram os últimos a embarcar no voo final de retirada de Cabul, segundo anuncio do Pentágono.

“A bordo do último avião estava o general Chris Donahue. Estava acompanhado pelo embaixador Ross Wilson”, disse o general Kenneth McKenzie, em conferência de imprensa.

Terminam assim os 20 anos de presença militar dos EUA no Afeganistão, cumprindo a data apontada por Biden, que assegurava que 31 de agosto era o limite para retirar todos os seus cidadãos e aliados do país.

Depois da confirmação da retirada dos últimos soldados norte-americanos do Afeganistão, foram ouvidos tiros em Cabul, durante a madrugada na capital afegã, controlada pelos talibãs. Jornalistas da agência de notícias AFP confirmaram os tiros a partir de vários postos de controlo dos talibãs, bem como festejos de combatentes em zonas de segurança.