Winnie Madikizela-Mandela, política, ativista e segunda mulher do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela morreu esta segunda-feira, num hospital de Joanesburgo, após "doença prolongada", anunciou o seu porta-voz.

"É com grande tristeza que informamos o público de que a senhora Winnie Madikizela Mandela morreu no hospital de Milkpark de Joanesburgo, segunda-feira 2 de abril", anunciou Victor Dlamini num comunicado.

Conhecida em África do Sul como a "mãe da nação", Winnie Madikizela-Mandela, deixa um legado controverso. Se por um lado foi um dos principais rostos na luta contra o apartheid, por outro, foi uma mulher disposta a sacrificar vidas e leis por aquilo em que acreditava, o que lhe valeu o epíteto alternativo de “assaltante da nação”.

Winnie Madikizela-Mandela nasceu em Transkei, em 1936. Casou com Nelson Mandela, 16 anos mais velho, em 1958, e esteve ao lado do primeiro presidente negro da África do Sul desde a prisão, em 1964, até ter sido afastada do governo de Mandela, em 1995. O casal, separado desde 1992, acabou por se divorciar em 1996, embora nunca cortando relações.

Os métodos de Winnie para propalar aquilo em que acreditava, bem como a recusa em perdoar, contrastavam com a reconciliação que o ex-marido procurou criar, a favor de uma “democracia estável, plural”, saída da divisão racial e da opressão que caracterizavam o apartheid, escreve a agência Reuters.

Esta dissonância contribuiu para o divórcio daquele que foi um dos mais icónicos casais políticos. E manchou também a imagem de Winnie junto de muitos sul-africanos. Por outro lado, garantiu-lhe o apoio de nacionalistas radicais negros.

Antes da separação, nos quase trinta anos em que Nelson Mandela esteve preso, Winnie lutou pela libertação daquele que viria a ser o primeiro presidente negro do país e pelos direitos dos sul africanos negros.

Nos últimos anos do apartheid, a brutalidade dos guarda-costas pessoais que Winnie tinha no Soweto, o "Clube de Futebol Mandela Unido”, contribuíram para o desabar da imagem da ativista. Com Nelson Mandela no poder, os problemas de Madikizela-Mandela com a lei vieram ao de cima, tendo sido acusada de envolvimento em homicídios, mas também de fraude.