Grossi disse ao Conselho de Governadores da AIEA, reunido em Viena, que os cinco princípios que apresentou ao Conselho de Segurança da ONU sobre a central “receberam manifestações muito claras de apoio”.
“Pedi respeitosa e solenemente a ambas as partes que respeitassem estes cinco princípios. Não prejudicam ninguém e são do interesse de todos”, afirmou, citado pela agência espanhola Europa Press.
A central nuclear de Zaporijia, no sudeste da Ucrânia, a maior do género na Europa, está sob controlo da Rússia desde 4 de março de 2022, uma semana depois do início da invasão russa do país vizinho.
Os princípios apresentados por Grossi, na semana passada, implicam que não haja qualquer tipo de ataque a partir da central ou contra ela e que o complexo não seja usado para armazenar armas pesadas.
A AIEA defende também que o fornecimento externo de eletricidade não deve ser posto em risco, que todas as estruturas e sistemas devem ser protegidos contra ataques ou sabotagem e que não seja tomada qualquer ação para minar os princípios propostos.
Grossi disse que os peritos da AIEA presentes na central lhe apresentarão um relatório sobre o respeito pelos princípios definidos pela agência e avisou que denunciará publicamente quaisquer violações.
“Estes princípios são necessários porque o risco para a central de Zaporijia aumentou nos últimos meses, devido a um incremento das ações militares”, afirmou.
Grossi disse que as três centrais nucleares em funcionamento na Ucrânia tiveram de reduzir a potência em consequência direta da atividade militar.
“Um acidente ou incidente nuclear não discrimina a filiação nacional das pessoas e causaria miséria num local onde já existe demasiada miséria”, avisou.
O diretor-geral da agência da ONU, com sede em Viena, disse ainda que foi enviado para a Ucrânia equipamento de segurança nuclear no valor de cinco milhões de euros desde o início da guerra, em 24 de fevereiro de 2022.
“Estamos a criar um programa global de cuidados de saúde, incluindo equipamento e apoio psicológico a todo o pessoal ucraniano das centrais nucleares”, afirmou.
Segundo Grossi, a AIEA está perto de conseguir o financiamento necessário para as missões de peritos deste ano, “graças ao generoso apoio dos Estados-Membros” da organização.
A central de Zaporijia tem seis reatores que entraram em funcionamento entre 1984 e 1995, mas que foram sendo desligados, o último dos quais em setembro do ano passado.
A Rússia declarou que a central passou a pertencer-lhe por ter anexado a região de Zaporijia em setembro, juntamente com as de Donetsk, Lugansk e Kherson, depois de ter feito o mesmo à Crimeia em 2014.
A Ucrânia e a generalidade da comunidade internacional não reconhecem estas anexações.
Os combates em torno da central têm levado a AIEA a alertar para o perigo de um acidente catastrófico num país que registou, em 1986, o pior desastre nuclear do género na central de Chernobyl.
Comentários