A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA, na sigla em inglês) avisou na terça-feira que teria de encerrar as suas operações no prazo de 24 horas.
De acordo com o último relatório da UNRWA em Gaza, às 18:00 locais (16:00 em Lisboa), não houve qualquer suspensão das operações, mas ao longo do dia os porta-vozes da organização têm repetido que o momento é “muito crítico” para as suas atividades e a pressão tem vindo a aumentar para permitir o acesso ao combustível.
Segundo a agência de notícias EFE, no posto fronteiriço de Rafah, que liga a Faixa de Gaza ao Egito e é o único acesso ao enclave que não está sob controlo israelita, não havia camiões-cisterna à espera para entrar.
Enquanto a ONU aguarda o combustível necessário para as “operações humanitárias que salvam vidas”, o Ministério da Saúde de Gaza, território controlado pelo grupo islamita Hamas desde 2007, declarou o “colapso total” do sistema de saúde do enclave devido à escassez de combustível e aos bombardeamentos israelitas.
Segundo o ministério, as instituições de saúde deixaram de funcionar e os hospitais que permanecem abertos já não podem prestar serviços.
A mesma fonte acrescentou que existem atualmente “mais de 7.000” doentes e feridos que necessitam de tratamento urgente e que os serviços de saúde de Gaza não têm capacidade para tratar estas pessoas.
A UNRWA mantém abertos oito dos seus 41 centros de saúde e 93 unidades médicas móveis para servir os palestinianos em Gaza, enquanto cerca de 613.000 habitantes do enclave, deslocados devido ao conflito e aos bombardeamentos intensos de Israel contra o pequeno território, estão alojados em alguns dos 151 abrigos da organização.
Desde 07 de outubro, cerca de 38 funcionários da UNRWA foram mortos por bombardeamentos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de dois terços das unidades de saúde de Gaza pararam de funcionar devido à falta de combustível.
Na terça-feira, a OMS entregou 34.000 litros de combustível a quatro grandes hospitais do sul da Faixa de Gaza e ao Crescente Vermelho Palestiniano para manter os seus serviços de ambulância, uma quantidade que, segundo a agência da ONU, é apenas suficiente para manter estas instalações a funcionar durante pouco mais de 24 horas.
Tanto as agências internacionais como muitos países, especialmente os vizinhos árabes, criticaram a escassez de ajuda humanitária e os bombardeamentos incessantes na Faixa de Gaza.
O Hamas — considerado como um grupo terrorista pela União Europeia (UE) e Estados Unidos, entre outros — lançou um ataque surpresa e sem precedentes a Israel no dia 07 de outubro, que se saldou na morte de mais de 1.400 pessoas, na maioria civis, e na captura de 220 reféns, desencadeando um conflito que cumpre hoje o 19.º dia.
Em retaliação, Israel declarou guerra ao Hamas e iniciou uma campanha de bombardeamentos sobre a Faixa de Gaza, que ainda prosseguem. Também impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
Os bombardeamentos israelitas sobre Gaza já mataram mais de 6.500 pessoas, dos quais quase metade crianças, e causaram mais de 17.000 feridos, de acordo com o Ministério da Saúde local.
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